Greve volta a parar obras da usina de Belo
Monte
Pela segunda vez em menos de 20 dias,
trabalhadores da maior obra do PAC decidem cruzar os braços; consórcio não
atendeu a dois itens da pauta
Fátima Lessa
CUIABÁ - As obras nos canteiros de obra da
Usina Hidrelétrica Belo Monte na Volta Redonda do Xingu, em Altamira do Pará,
votaram a parar ontem. É a segunda paralisação da maior obra do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) em menos de 20 dias.
Atualmente 60% dos trabalhadores moram em
Altamira e os outros 40% são alojados nos canteiros. Estão funcionando apenas
30% dos serviços - os essenciais previstos em lei. O clima é de tensão, mas não
há atos de vandalismo ou agressões por parte dos grevistas.
Os cerca de 7 mil trabalhadores decidiram
cruzar os barcos argumentando que o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) não
atendeu a duas questões da pauta de reivindicações que estava sendo negociada
há alguns dias.
Os pontos que não foram atendidos são o
aumento do valor da cesta básica, que é hoje de R$ 95 (os trabalhadores pedem
R$ 300), e a diminuição do intervalo da baixada (direito de visitar a família)
de seis para três meses. Todos esses itens já são cumpridos em outras obras do
mesmo tipo, "e só o CCBM não quer aceitar", segundo o vice-presidente
do Sintrapav do Pará, Roginel Gobbo.
O CCBM disse que a "paralisação surgiu
do não atendimento de reivindicações realizadas fora da data-base da categoria,
e em plena vigência do Acordo Coletivo de Trabalho de 2012" e por essa
razão, "amparado na legislação vigente, está tomando todas as medidas
judiciais visando ao encerramento do movimento e o retorno dos funcionários ao
trabalho".
Bloqueio. Gobbo disse que desde a madrugada
os trabalhadores estavam alertas para evitar o reinício dos trabalhos. Para
garantir a paralisação, eles fecharam a passagem dos ônibus no quilômetro 27 da
Rodovia Transamazônica, principal via de acesso aos cinco canteiros: Unidade
Porto e Acessos; Sítio Canais e Diques; Sítio Pimental; e Sítio Belo Monte.
De acordo com Gobbo, o Sintrapav solicitou ao
CCBM a identificação dos ônibus que transportam os trabalhadores dos serviços
considerados essenciais. O sindicalista reafirmou que a organização sindical
está aberta à negociação e espera a manifestação do Consórcio para o
atendimento aos dois itens que faltam.
Uma das estratégias adotadas pelos
trabalhadores foi colocar um carros de som próximo aos principais sítios para
explicar sobre a greve e lembrar que eles votaram pela paralisação. "Se
eles argumentarem a ilegalidade, nós iremos defender a legalidade", disse
Gobbo.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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