Para Luciano Coutinho, banco não corre risco, e investigação não tem fundamento
Marcio Beck
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, defendeu ontem a participação do banco na JBS, principal empreendimento do grupo J&F, que assumirá o controle da Delta Construções, e criticou a investigação que o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ) fará sobre a venda da construtora, para o grupo J&F, alegando riscos de o dinheiro do BNDES ser usado na operação.
Reiterando o que a instituição sustentou em nota emitida na tarde de ontem, Coutinho afirmou ainda que não existe ligação entre os negócios da JBS - maior empresa de proteína animal (carnes) do mundo, de cujas ações o BNDES tem 31,4% - com a operação para salvar a construtora Delta, envolvida em denúncias de corrupção.
-- Não há fundamento (para o inquérito), não há risco (de dinheiro do BNDES ser usado na operação). São coisas inteiramente diferentes. Estamos absolutamente tranquilos - afirmou o presidente do BNDES, após o encerramento do seminário Política Industrial para o Século XXI, promovido pelo banco.
Coutinho, que falou rapidamente com os jornalistas, disse que o banco zelará para que não haja "riscos em termos de estrutura", sem explicar exatamente o que isso significaria.
- Essa é uma operação apartada, feita pela holding, das pessoas físicas. É também interesse dos acionistas (da JBS) que a empresa seja saudável e que não haja nenhum relacionamento entre uma coisa e outra (a participação do banco na empresa e a compra da Delta pelo J&F) - afirmou.
A abertura do inquérito, que será tocado pela Procuradoria da República no Rio de Janeiro, por ser o lugar onde está instalada a sede da Delta, foi anunciada ontem pelo procurador-chefe substituto da Procuradoria Regional da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo), Nívio de Freitas Silva Filho. O procedimento será instaurado por um procurador da área patrimonial do MPF-RJ.
De acordo com Nívio de Freitas, o procurador deverá decidir a linha de atuação, incluindo a possibilidade de pedir a indisponibilidade dos bens da Delta e de seus executivos, bem como recomendar ao BNDES que deixe de fazer novos aportes na companhia, que pode ser declarada inidônea pela Controladoria Geral da União (CGU). Se isso ocorrer, a empresa ficará banida de contratos públicos por dois anos. Ao fim desse período, poderá se reabilitar, mas somente se as irregularidades que levaram à declaração de inidoneidade forem sanadas.
FONTE: O GLOBO
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