Na disputa pela Presidência, partidos buscam se fortalecer em estados que consideram estratégicos, seja pela alta concentração de eleitores, seja para manter antigos feudos
Paulo de Tarso Lyra
BRASÍLIA – Passado o prazo de filiações, os partidos que dão sustentação aos principais postulantes ao Palácio do Planalto em 2014 começam a definir quais são os palanques estratégicos nos estados. Os principais continuam sendo os da Região Sudeste, onde se concentra o maior número de eleitores. Mas nessa conta entram outras particularidades, como a manutenção de feudos locais ou a permanência nos governos que já comandam.
Os planos são ambiciosos, mas nem todos têm fôlego para resolver essas equações. O PSDB, por exemplo, encontra-se em situação confortável em São Paulo e em Minas Gerais, mas no Rio de Janeiro, não tem, por enquanto, sequer um candidato. "A disputa no Rio é uma das mais abertas. Quatro candidatos têm entre 20% e 12%", disse o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG). Os tucanos ainda alimentam a esperança de lançar o técnico da seleção masculina de vôlei, Bernardinho, para o governo fluminense. Em São Paulo e em Minas Gerais, os tucanos sabem que precisam confirmar sua hegemonia, especialmente porque a eleição tende a ser um confronto direto com o PT.
O PSB, do governador pernambucano, Eduardo Campos, precisa de maior penetração no Sudeste e solidificar a presença no Nordeste. Em Pernambuco, é fundamental eleger o sucessor de Campos. No Ceará, o partido ainda precisa recompor a perda com o desembarque dos irmãos Gomes rumo ao Partido Republicano da Ordem Social (PROS).
A situação se torna ainda mais dramática porque nos quatro principais colégios eleitorais brasileiros – Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia – o partido não tem candidatos definidos. E não sabe se terá nomes fortes para a disputa ou precisará se unir a outras legendas, correndo o risco de se ver obrigada a palanques duplos. "Qualquer especulação sobre palanques, neste momento, é palpite. Essas negociações acontecerão entre o carnaval e junho", disse o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira.
Apostas Já o PT quer permanecer nos governos de Rio Grande do Sul, Acre e Distrito Federal. O Paraná também se tornou importante, porque a candidata é a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e um resultado ruim poderia passar uma imagem negativa da gestão dela à frente da pasta. Os petistas também estão entusiasmados com a possibilidade de desbancar o PSDB do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin. Quer adiar a desincompatibilização do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e lançou o programa Mais Médicos para impulsionar a candidatura de Dilma Rousseff e do próprio ministro em 2014.
O PMDB também tem suas preferências. Principal aliado do PT no plano nacional, o partido escolheu, como palanques estratégicos, Rio de Janeiro (único estado que governa), Ceará, Amazonas, Pará e Alagoas. A opção por esses estados é clara: quatro caciques do partido devem concorrer aos governos locais no ano que vem ou apoiar afilhados: Eunício Oliveira (CE), Eduardo Braga (AM), Helder Barbalho (filho de Jader Barbalho, no Pará) e Renan Calheiros (AL). Sem o apoio do PMDB nesses estados, fica impossível o grupo que apoia a presidente Dilma Rousseff sair vitorioso na convenção. "É a nossa disputa do momento. Sob a sucessão no estado, só conversarei com o governador Cid Gomes em 2014", disse Eunício.
Os palanques prioritários
Confira as unidades da Federação estratégicas para os prováveis protagonistas da corrida presidencial de 2014
Dilma Rousseff
São Paulo – O candidato petista será o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O PT quer desbancar uma hegemonia de 20 anos do PSDB no estado
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Rio de Janeiro –O petista Lindbergh Farias disputará o governo contra o indicado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), o atual vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Distrito Federal – A capital da República serve como vitrine para os programas petistas e o governador Agnelo Queiroz (PT) concorrerá à reeleição.
Rio Grande do Sul – O governador Tarso Genro (PT) concorre à reeleição. O PMDB deve ter candidato próprio, mas a preocupação é com a senadora Ana Amélia (PP).
Paraná – A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann será a candidata do PT contra a tentativa de reeleição do tucano Beto Richa. O peemedebista Roberto Requião também pretende concorrer.
Minas Gerais – O candidato será o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. O estado é estratégico porque é dominado pelo senador Aécio Neves (PSDB).
Bahia – Quarto maior colégio eleitoral do país, é governado pelo PT depois de uma longa hegemonia do carlismo.
Acre – Tião Viana (PT) concorrerá à reeleição. A vitória significará uma hegemonia de cinco mandatos consecutivos.
Aécio Neves
São Paulo – Geraldo Alckmin será o candidato à reeleição. Os tucanos estão no governo desde 1994 e sabem que precisam proteger o governo das investidas do PT.
Minas Gerais – No reduto eleitoral do presidenciável Aécio Neves, os tucanos sabem que uma derrota caseira colocará em xeque a pretensão nacional do partido.
Rio de Janeiro – No terceiro maior colégio eleitoral, os tucanos sofrem com a falta de um nome forte para concorrer ao governo.
Rio Grande do Sul – Desgastado pela má gestão da tucana Yeda Crusius, que chefiou o governo entre 2007 e 2010, o partido deve apoiar a senadora Ana Amélia (PP).
Bahia – Os tucanos reeditarão parceria estratégica com o DEM, comandado pelo prefeito de Salvador, ACM Neto.
Pernambuco – O PSDB quer fincar bandeira no Nordeste, dividido entre o PT de Dilma Rousseff e o PSB de Eduardo Campos.
Ceará – Os tucanos lideram com folga a corrida pelo Senado, com Tasso Jereissatti, e não descarta uma aliança com o PMDB de Eunício Oliveira.
Eduardo Campos/Marina Silva
São Paulo – O PSB, tradicionalmente, é aliado do PSDB, mas a Rede quer lançar o nome do deputado Walter Feldmann, que deixou os tucanos para se filiar ao partido socialista.
Rio de Janeiro – Não há uma candidatura definida, mas o grupo quer aproveitar o alto índice de votos de Marina nas eleições de 2010.
Minas Gerais – Um dos principais colégios eleitorais brasileiros, socialistas e sonháticos lutam para buscar um nome e fugir da polarização PT-PSDB. O prefeito de BH, Marcio Lacerda, é uma opção, mas ele se mostra resistente a se candidatar ao governo.
Espírito Santo – Renato Casagrande (PSB) é candidato à reeleição e o partido vai marchar sem o apoio do PT, que sempre deu suporte ao governador socialista.
Bahia – Quarto maior colégio eleitoral do país, PSB e Rede também buscam um nome ou uma coligação forte. O peemedebista Geddel Vieira Lima simpatiza com Eduardo Campos.
Pernambuco – Vale a mesma regra de Minas em relação a Aécio. Se não fizer o sucessor, Eduardo Campos perde fôlego na corrida nacional.
Piauí – Ao eleger o governador do estado, Wilson Martins, o PSB interrompeu o comando petista no estado
Ceará – O PSB precisa encontrar uma alternativa após o desembarque de Cid Gomes (governador do Estado) e Roberto Cláudio (prefeito de Fortaleza), que se filiaram ao PROS.
Fonte: Estado de Minas
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