Segundo documento, chefe de preso foi contratada por R$ 1.800 em 2012
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado e preso no processo do mensalão, pediu ao Supremo Tribunal Federal autorização para deixar o presídio durante o dia para trabalhar como gerente administrativo no Hotel Saint Peter, em Brasília, que lhe ofereceu salário de R$ 20 mil mensais. Dirceu tem contrato de trabalho assinado com o Saint Peter desde 22 de novembro. O horário de trabalho é das 8h às 17h, com uma hora de almoço.
O STF informou que a decisão de autorizar o trabalho extemo do detento caberá ao juiz da Vara de Execução Penal de Brasília. Dirceu está preso no regime semiaberto e, pela lei, tem o direito de trabalhar de dia e voltar para a cela à noite.
O novo juiz responsável pela execução das penas dos réus do mensalão, Bruno Ribeiro, já manifestou a intenção de pôr Dirceu na fila de presos que aguardam autorização de trabalho externo. Se a fila for respeitada, o ex-rninistro demorará a ter uma resposta da Justiça sobre o pedido.
O GLOBO apurou que uma resposta da Seção Psicossocial da Vara de Execuções Penais, para onde vão os pedidos, demora pelo menos um mês.
O contrato de trabalho leva a assinatura da gerente geral do hotel, Valéria Linhares. Documento em anexo informa que ela foi contratada em agosto de 2012, com salário de R$ 1.800. Outros documentos informam que o hotel pertence a Paulo Masci de Abreu e a uma sociedade panamenha chamada Truston International Inc. O contrato e a carteira de trabalho de Dirceu assinada pela empresa foram enviados ao STF.
O primeiro item do contrato informa que o empregado poderá ser transferido para outro serviço "no qual demonstre melhor capacidade de adaptação desde que compatível com sua condição pessoal" O contrato tém vígência de 45 dias, prorrogáveis pelo mesmo tempo. Ao fim do período de experiência, se for de interesse das partes, o contrato será definitivo.
Também foi enviada ao STF ficha de emprego preenchida à mão por Dirceu no último dia 18. O cargo e o salário pretendidos foram plenamente atendidos pelo empregador. No formulário, Dirceu informa dados pessoais e que é formado em Direito. À questão "Por que está se candidatando a uma vaga de trabalho nesta empresa?" respondeu: "Necessidade e por apreciar hotelaria e a área administrativa".
Dono do St Peter tem concessoes do governo
Empresário e o irmão, presidente do PTN, têm processos tramitando no Ministério das Comunicações
Paulo Masci de Abreu, um dos sócios do Hotel Saint Peter, é irmão do presidente do PTN, José Mas-ci de Abreu. A legenda nanica integra a base aliada da presidente Dilma Rousseff. Na composição societária, Paulo aparece apenas com um capital de R$ 1 — os R$ 499.999 restantes pertencem a empresa de companhias hipotecárias do Panamá, a Truston International.
Tanto Paulo quanto José são sócios de emissoras de rádio em SP. O sócio do Saint Peter tem interesses diretos no governo federal: processos relacionados às rádios, inclusive concessão de outorga, tramitam no Ministério das Comunicações. A pasta, inclusive, abriu um processo administrativo para apurar supostas infrações cometidas pela Rádio Kiss FM Ltda.
Suspeitas também levaram o Ministério Público Federal em São Paulo a instaurar um inquérito civil público para investigar o grupo de comunicação de Paulo Masci, em especial as rádios Kiss, Mundial, Tupi, Scalla e Terra. A suspeita é de concessão de outorgas em duplicidade, "em um mesmo tipo e em uma mesma localidade" O inquérito foi instaurado em abril de 2012. Na Rádio Kiss, Paulo tem sociedade com Raul Rothschild de Abreu, que aparece como administrador responsável pelo Hotel Saint Peter.
Fonte: O Globo
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