quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Caso Siemens: Tucanos denunciam que documentos foram forjados

Versão em português inclui acusações ao PSDB que não estão no original.

Ministro da Justiça diz que o documento que ele enviou à PF era maior que o exibido pelo PSDB.

Dirigentes do PSDB acusaram o PT de ter adulterado um documento usado na investigação sobre existência de suposto cartel e pagamento de propina no Metrô de São Paulo durante os governos tucanos de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Segundo o PSDB, o documento original, em inglês, não tem qualquer citação ao PSDB, que só aparece na versão traduzida para o português. Secretário do governo Alckmin, Edson Aparecido acusou o deputado petista Simão Pedro, que repassou os papéis ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de incluir "criminosamente" as citações aos tucanos Cardozo, cuja demissão foi pedida pelo PSDB, disse que o documento que repassou à PF é maior que o exibido pelos tucanos.

PSDB acusa PT de adulterar documentos


Tucanos dizem que foram incluídos indevidamente em relatório da Siemens e pedem demissão de Cardozo

Maria Lima e Jailton de Carvalho


BRASÍLIA - Os dirigentes do PSDB acusaram ontem o PT de ter adulterado o relatório original do ex-executivo da Siemens Everton Rheinheimer que apontava o pagamento de propinas aos governos tucanos de São Paulo de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Os tucanos distribuíram cópias do documento, em inglês e em português, que mostram que a tradução não corresponde ao original.

Segundo os documentos distribuídos pelos dirigentes tucanos, o relatório original entregue pelo ex-executivo à empresa não traz qualquer citação ao PSDB ou nomes de parlamentares tucanos. De acordo com o PSDB, a citação ao partido foi forjada, dando origem a um documento falso entregue na versão traduzida para o português que consta no processo aberto pela Polícia Federal.

“Padrão petista”
Presente na coletiva, o secretário da Casa Civil do governo Alckmin, Edson Aparecido, também citado na acusação apócrifa do ex-executivo da Siemens, disse que o depoimento dado em inglês foi traduzido e adulterado pelo deputado estadual do PT Simão Pedro para incluir dois parágrafos com as referências aos tucanos. Essa parte adulterada foi negada pelo denunciante da Siemens.

— Foi o padrão petista de tradução. O depoimento foi traduzido pelo deputado Simão Pedro e ele introduziu trechos que incriminam os membros do PSDB, numa clara adulteração de documento oficial — disse Edison Aparecido.

O PSDB só distribuiu os documentos à imprensa no fim da tarde. Um dos trechos do documento, em inglês, diz que autoridades brasileiras estão investigando o envolvimento da Alstòn no pagamento de suborno a autoridades governamentais em vários projetos no Brasil, entre eles o da Linha G da CPTM (Metrô de São Paulo). Na versão para o português, segundo o documento divulgado pelo PSDB, aparece que “durante muitos anos a Siemens vem subornando políticos (na sua maioria) do PSDB e diretores da CPTM, Metrô de São Paulo e Metrô de Brasília" O documento traduzido também cita o nome de lobistas envolvidos no caso do Metrô paulista que não constariam do original.

Os tucanos pediram a identificação do responsável pela falsificação do documento, aceito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e encaminhado à Polícia Federal. Também pediram a demissão de Cardozo do Ministério da Justiça.

As denúncias sobre o cartel no metrô de São Paulo anteciparam o clima da campanha eleitoral do ano que vem. Pela manhã, a cúpula do PSDB, com o senador e presidenciá-vel Aécio Neves à frente, anunciou uma ofensiva para reagir às denúncias de envolvimento de dirigentes do partido em cartelização das obras do Metrô de São Paulo.

Aécio comparou a denúncia contra os governos tucanos de São Paulo ao episódio dos alo-prados de 2006 e acusou Car-dozo de usar as instituições para perseguir os adversários. Dirigentes do PSDB pediram o afastamento de Cardozo das investigações e sua demissão do Ministério da Justiça.

Ao lado dos líderes Carlos Sampaio (SP), na Câmara, e Aloysio Nunes Ferreira (SP), no Senado, Aécio pediu o afastamento de Cardozo e do presidente do Cade, Vinicius Carvalho, do comando das investigações que apuram a denúncia de cartel envolvendo Siemens e Alstom nos governos tucanos.

— O PT faz um mal enorme à democracia aos se apropriar das instituições como patrimônio para tentar perpetuar o projeto do PT no poder. Isso tudo nos lembra o episódio dos aloprados em 2006, agora numa tentativa de amenizar o impacto das condenações dos companheiros petistas, numa tentativa de nos colocar como I iguais. Mas nós não somos iguais. Prezamos a ética na coisa pública — disse Aécio.

Comissão de ética
O PSDB tentará aprovar na Câmara e no Senado requerimentos de convocação de Car-dozo e de Vinícius Carvalho; e enviará representações contra Cardozo à Comissão de Ética Pública e ao Ministério Público Federal por improbidade administrativa.

— Se a presidente da República DilmaRousseff não sabia disso, agora está sabendo. Ou ela demite o ministro ou é cúmplice desse dossiê aloprado — disse o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, citado no documento enviado por Cardozo à PE Aecio defendeu o afastamento de Cardozo das investigações, mas foi cauteloso quanto à demissão:

— Ele perdeu as condições de comandar essas investigações. Mas demissão, por omissão, cabe a presidente Dilma avaliar.

Fonte: O Globo

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