Encontro no Palácio da Alvorada tratou também das estratégias para campanha de outubro
Catarina Alencastro e Fernanda Krakovics
BRASÍLIA - Em meio a uma crise com sua base aliada na Câmara dos Deputados, e sem conseguir desatar o nó da reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff se reuniu, no final da tarde desta quarta-feira, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal conselheiro, no Palácio da Alvorada. Na pauta do encontro também estava a discussão de estratégias para as eleições de outubro, quando Dilma disputará a reeleição, além da conjuntura política.
Parte da equipe da campanha de Dilma à reeleição também estava presente: o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que será o coordenador-geral; Franklin Martins, ex-ministro de Comunicação Social do governo Lula, que será o responsável pela área de internet e mídias sociais; o deputado estadual Edinho Silva (SP), que será o tesoureiro; o marqueteiro João Santana; e o chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, que deve deixar o cargo e migrar para a campanha. Além deles, estava o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).
Na articulação política, a maior dor de cabeça de Dilma no momento está no PMDB, justamente o aliado preferencial do governo para a campanha à reeleição. O partido, que ocupa cinco ministérios, reivindica mais um, o que foi negado pela presidente até agora. Isso, associado à resistência do PT em apoiar candidatos peemedebistas a governador em estados como Rio de Janeiro, Ceará e Maranhão, deflagrou uma crise entre os dois partidos.
PT espera que Temer controle rebelião
O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), liderou a formação de um blocão o na Câmara, que reúne oito partidos da base aliada e cerca de 250 dos 513 votos, para se contrapor ao governo. Peemedebistas descontentes também ameaçam votar contra o apoio à reeleição de Dilma na convenção nacional do partido.
Enquanto Dilma e dirigentes do PT minimizam as ameaças feitas pelo aliado, Lula se preocupa e tenta recompor a relação, embora tenha incentivado no Rio a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) a governador, contra o atual vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Esse foi um dos principais fatores da crise entre os dois partidos.
Dilma e dirigentes do PT esticam a corda com o PMDB contando com o vice-presidente da República, Michel Temer, dome seus correligionários e assegure o apoio à reeleição da presidente.
E, apesar da ameaça de caciques do PMDB de cruzar os braços nos estados durante a campanha, os petistas dizem que importante é o tempo de TV e rádio no horário eleitoral gratuito. Dependendo da regra a ser adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PMDB deve ter entre 2 minutos e 25 segundos e 3 minutos e 16 segundos.
Além da articulação política, outra preocupação de Lula tem sido a má relação de Dilma com o empresariado e o mercado financeiro. O ex-presidente tem se reunido com representantes do setor, que reclamam de falta de diálogo e consideram o governo intervencionista. Petistas que conversaram com Lula recentemente também afirmam que ele está reticente com a condução da política econômica. Na sua avaliação, de acordo com pessoas próximas, o ministro Guido Mantega (Fazenda) teria perdido a credibilidade junto ao mercado financeiro.
O encontro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou por volta das 17h30 ao Palácio da Alvorada. Esta também foi mais uma rodada de conversas sobre as eleições de outubro.
A agenda de Dilma não trazia nenhum compromisso para hoje. A presidente passou o carnaval na Base Naval de Aratu, próximo a Salvador, com a família e retornou a Brasília no final desta manhã, por volta das 11h30.
Desde que assumiu a Presidência, Dilma tem optado por descansar em Aratu. Na virada do ano, a presidente ficou dez dias na Base Naval. A exceção foi no primeiro ano de governo, quando ela foi para o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, no município de Parnamirim (RN), a 12 quilômetros de Natal.
Fonte: O Globo
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