Maduro afirma que não vai permitir intervenção da OEA
Manifestantes montam barricadas em várias cidades; 3 pessoas são feridas a bala e várias são detidas
CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, aproveitou nesta quarta-feira os atos em homenagem ao aniversário de um ano da morte de Hugo Chávez para defender a unidade do chavismo e fazer um discurso inflamado contra a intervenção internacional. Seguidores do ex-líder saíram às ruas do país em meio a barricadas e protestos antigoverno. Enquanto Maduro ameaça responder com força a qualquer ataque à soberania nacional, a Organização dos Estados Americanos (OEA) se reúne na quinta-feira para discutir a crise política na Venezuela.
- Vou responder com força e contundência qualquer tentativa de intervenção na Venezuela. Peço apoio ao povo - disse. - Que a direita não erre com o nosso povo e a nossa revolução. A OEA, deixe-a onde está. Fora OEA agora e para sempre. Nosso caminho é a Unasul, nosso norte é o sul.
Maduro reconheceu que foram registrados protestos em pelo menos quatro estados e várias pessoas foram detidas, com apreensão de armas e coquetéis molotov. Em Caracas, manifestantes montaram barricadas em diferentes pontos da cidade, o que provocou fechamentos de vias e congestionamentos. Na cidade de Carrizal, no Estado de Miranda, a Guarda Nacional Bolivariana (GNB) lançou bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes, segundo o jornal “El Universal”. Pelo menos três pessoas foram baleadas na região.
O desfile cívico-militar em homenagem a Chávez começou com uma hora de atraso e contou com a presença de líderes aliados ao chavismo. Maduro percorreu parte do desfile e saudou os chefes de Estado presentes da cerimônia, entre eles Raúl Castro, de Cuba, e Evo Morales, da Bolívia.
O presidente disse que a lealdade do povo venezuelano foi testada na ausência de Chávez e que o ex-presidente foi o grande democratizador da vida política do país.
- Aqui estamos mais unidos do que nunca - afirmou.
Após o desfile, haverá uma cerimônia no quartel onde se encontra o corpo do falecido líder, o mesmo local onde, em 1992, Chávez comandou uma tentativa de golpe que marcou o início da sua carreira política.
A estreia mundial do documentário “Mi Amigo Hugo”, dirigido pelo americano Oliver Stone, também será um dos pontos fortes das homenagens. O filme, de 50 minutos, será exibido na noite de quinta-feira pela rede de TV Telesur e reúne depoimentos de familiares, amigos, intelectuais e políticos.
- Espero que essas entrevistas, juntas, deem uma ideia do amor, do tamanho da falta que ele faz para seu povo - disse Stone em entrevista à Telesur.
Debate se centra no sucessor
Um ano depois de Chávez morrer em consequência de um câncer, as homenagens serão para Maduro uma oportunidade de recuperar as ruas e mostrar aos adversários que ele também é capaz de mobilizar as massas.
O ex-motorista de ônibus e líder sindical não tem o carisma de Chávez nem o domínio pessoal que ele tinha sobre o Partido Socialista Unido da Venezuela. Mostra-se também incapaz de resolver os muitos problemas do país, como a inflação, a deterioração dos serviços públicos e a disparada da criminalidade.
Em geral, os chavistas se mantêm leais ao desejo expresso por Chávez de apoiar Maduro. Até agora, os protestos não foram além de um núcleo da classe média, e os militares parecem fiéis ao governo, o que torna improvável uma reviravolta no poder como aconteceu na Ucrânia.
O feriado pela morte de Chávez emendou-se ao Carnaval, fazendo com que a Venezuela tivesse uma semana de recesso, tirando um pouco do fôlego dos protestos da oposição. Mesmo assim, um núcleo duro de estudantes e líderes oposicionistas radicais permanece nas ruas.
Fonte: O Globo
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