Julia Duailibi – O Estado de S. Paulo
Pesquisa Datafolha, feita nos dias 1 e 2 de julho, mostrou que a presidente Dilma Rousseff (PT) tem 55% das intenções de voto no Nordeste. No mês passado, tinha 48%. Já Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) têm, respectivamente, 10% e 11% – mantiveram os mesmos porcentuais que da pesquisa anterior.
Nas últimas eleições, o Nordeste, segundo maior colégio eleitoral do País com 27% do eleitorado, tem dado a vitória para o PT. Em 2010, José Serra chegou a perder por uma diferença de 10,7 milhões de votos. Na eleição deste ano, PT e PSDB trabalham, de novo, com a vitória de Dilma na região, onde a presidente tem melhor aprovação – a pesquisa mostra que o melhor desempenho de Aécio é no Sudeste, onde está o maior colégio eleitoral do País. Lá, o tucano tem 27% das intenções de voto contra 28% de Dilma.
A campanha de Aécio tentará compensar a diferença de votos para Dilma no Nordeste com o crescimento da votação no Sudeste, especialmente em Minas e no Rio de Janeiro, onde Serra perdeu para Dilma por 1,8 milhão e 1,7 milhão de votos, respectivamente. Ampliar a diferença em São Paulo, onde o tucano venceu por 1,8 milhão de votos, também seria positivo, mas é tarefa difícil. São Paulo é o berço eleitoral de Serra, e o desempenho dele pode ter se aproximado do teto de votação do PSDB no Estado.
Os tucanos também tentarão aumentar a vantagem no Sul, onde o PSDB venceu por 1,2 milhão de votos em 2010, e no Centro-Oeste, onde a vitória foi por pouco mais de 100 mil votos. Ocorre que essas regiões têm pouco eleitor, 14,6% e 7,2% do eleitorado, respectivamente. Portanto, para ajudar na matemática, a vantagem teria de ser muito maior do que a de 2010.
O PSDB pode até vencer em Minas, terra de Aécio, e no Rio, e ampliar um pouco a votação nos demais Estados, mas terá que reduzir a desvantagem no Nordeste. Não tem como fugir disso.
Para a oposição, a situação deve melhorar quando o eleitor souber que Aécio é o candidato do PSDB – 30% dos eleitores do Nordeste não o conhecem contra 12% dos do Sudeste. Na pesquisa espontânea, o candidato do PSDB tem apenas 4% das intenções de voto na região, contra 39% de Dilma e 5% de Campos. Integrantes da campanha lembram ainda que o tucano ainda não atingiu o desempenho de José Serra, em 2010, e de Geraldo Alckmin, em 2006, no Nordeste – e para eles Aécio deve ultrapassar esses tetos assim que a campanha começar nos Estados, a Copa acabar e ele se tornar mais conhecido.
“Não tenho a menor dúvida de que teremos no Nordeste um desempenho melhor do que em 2010″, declarou o senador José Agripino Maia (DEM-RN), coordenador da campanha. Um dos motivos para isso, diz ele, são os palanques regionais, que estariam mais bem estruturados na região do que na eleição anterior. Aécio terá cabos eleitorais fortes na Bahia, no Sergipe, no Ceará, na Paraíba e no Piauí. Em Alagoas a situação é mais complicada, assim como em Pernambuco, terra de Campos e de Lula.
Para o PT, será difícil os tucanos diminuírem a vantagem pró Dilma na região. Embora admitam que a campanha do PSDB por lá estará mais estruturada neste ano, dizem que a ação do governo federal será reconhecida nas urnas. Citam como exemplo programas como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
Na segunda-feira, haverá primeira reunião de coordenação da campanha de Aécio, em São Paulo. Em pauta, uma agenda para o Nordeste para tentar reverter o quadro, que hoje continua favorável a Dilma. Em pauta também, a defesa dos programas sociais do PT. O partido já percebeu que é armadilha criticá-los.
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