- O Estado de S. Paulo
Os 20 anos que o PSDB já somou no comando do governo de São Paulo, nove foram sob a gestão de Geraldo Alckmin. Hoje candidato à reeleição, o governador poderá totalizar 13 anos no poder se conseguir vencer o que operadores tucanos definem como a campanha “mais difícil” do partido no Estado.
O principal desafio a ser vencido pelo governador na campanha deste ano será o de superar o próprio modelo de gestão, colocado em xeque após os protestos de junho de 2013, quando Alckmin viu sua popularidade cair em meio a abusos da Polícia Militar nas ruas de São Paulo contra manifestantes e jornalistas. A vacina contra eventuais ataques dos adversários tem uma fórmula simples: explorar o alegado perfil de bom gestor do tucano. Habituado a começar bem cedo o trabalho, a cada dia, Alckmin também costuma varar madrugadas em serviço por toda a semana, sustentado a intermináveis goles de café.
Apesar de chegar à campanha com um mandato fragilizado pela crise no abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo, e também pelas denúncias de formação de cartel no setor metroferroviário, o tucano ainda lidera as pesquisas de intenção de voto.“Alckmin tem uma capacidade de trabalho invejável. Ele não se deixa levar pelo mau humor ou pela pressão. Está sendo equilibradíssimo”, garante o presidente do PSDB paulista, deputado Duarte Nogueira, sempre ao seu redor. “Ele demonstra autoridade sem autoritarismo no que diz respeito aos temas de alta pressão que enfrentou no mandato.”
Durante seus compromissos, o governador consegue ser paciente – atende, invariavelmente, a todos os eleitores que lhe pedem um abraço ou uma foto. Houve ocasiões, como no ano passado, em que ele fez questão de posar para as câmeras, passando, uma a uma, por todas as mesas de um jantar promovido por sindicalistas em São Paulo.
Além disso, raras foram as vezes em que Alckmin perdeu a chance de contar suas piadas, que ia distribuindo em meio a discursos, coletivas de imprensa ou mesmo nas rodas de conversa com assessores e amigos enquanto toma o cafezinho, geralmente em alguma padaria próxima aos locais dos eventos de que participa.
Isolado no Palácio. Parte dos integrantes do PSDB se sente alheia à construção da candidatura do governador à reeleição. Reservadamente, reclama que o governador se encastelou no Palácio dos Bandeirantes, fortim a partir do qual toma todas as decisões consultando apenas uma equipe com pessoas de sua confiança. Dentro de seus domínios, Alckmin tem o respeito professoral dos secretários que formam o primeiro escalão do governo.
Antes de se tornar prefeito de Pindamonhangaba, seu reduto eleitoral no Vale do Paraíba, o tucano se elegeu vereador em 1972, aos 19 anos, graças às suas aulas de química dadas a alunos de um cursinho da cidade, onde nasceu. Alckmin é formado em medicina, com especialidade em anestesia, pela Universidade de Taubaté.
Vice-governador de Mário Covas, assumindo o governo permanentemente após a morte dele, em março de 2001, o tucano foi reeleito no ano seguinte e ganhou novo mandato nas eleições de 2010. Alckmin também já concorreu à Presidência da República, em 2006, mas foi derrotado no segundo turno pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2008, disputou a Prefeitura da capital paulista, mas, de candidato favorito, acabou perdendo ainda no primeiro turno.
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