• Peemedebista ameaça retirar PDT de coligação; PROS escolhe Lilian Sá para senadora, e PCdoB lança nome avulso
Guilherme Amado – O Globo
BRASÍLIA e RIO — O presidente regional do PMDB no Rio, Jorge Picciani (PMDB), deu um ultimato ao presidente nacional do PDT, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, para que ele retire hoje sua candidatura ao Senado. Caso contrário, o PDT estará fora da coligação que quer reeleger Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao Palácio Guanabara e, consequentemente, o deputado estadual Felipe Peixoto (PDT) não será o candidato a vice-governador.
— Eu já falei para o Lupi. Não tem cabimento essa candidatura dele. O candidato da nossa chapa é o Cesar Maia. Se o Lupi não tirar a candidatura, o PDT está fora da chapa e o Felipe Peixoto não será o vice. Caso isto ocorra, o nome do (senador) Francisco Dornelles é natural para essa vaga de vice — afirmou Picciani.
A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Carlos Lupi lançou-se ao Senado para ser o candidato apoiado pela presidente Dilma Rousseff (PT) e pelo próprio Lula. No entanto, a lei eleitoral não permite que uma mesma coligação tenha dois candidatos ao Senado. Na última segunda-feira, Lupi afirmou, em uma coletiva, que um acórdão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lhe garantiria a candidatura. Lupi, assim como alguns setores do PMDB, não concordaram com a indicação do ex-prefeito e vereador Cesar Maia (DEM) para a vaga ao Senado
O TSE não confirmou que a interpretação do texto feita por Lupi esteja correta. O tribunal esquivou-se de responder sobre o caso, já que, caso haja alguma representação contra a candidatura do pedetista, os ministros da Corte podem ter de julgar a situação.
Picciani voltou a atacar o Palácio do Planalto, que, segundo ele, tem tentado enfraquecer a chapa do “Aezão” — formada por 19 partidos e que pede voto para a reeleição de Pezão e para a candidatura a presidente do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
— O Palácio do Planalto não têm limites. Levar o (apoio do) PROS para (a candidatura do deputado federal Anthony) Garotinho (ao governo do estado) foi ideia deles. Essa história do Lupi idem — acusou Picciani.
Ex-ministro também contraria PROS
A candidatura avulsa de Lupi também provocou impasse na coligação do candidato a governador pelo PR, deputado Anthony Garotinho. Até então único candidato ao Senado da base aliada de Dilma, o deputado federal Hugo Leal (PROS), que estava na chapa de Garotinho, desistiu da disputa por perder a exclusividade no palanque da presidente. O PROS sugeriu como opção para substituir o parlamentar o vice-presidente nacional da legenda, Comandante Norberto. Mas, o ex-governador do Rio não concordou com a escolha. Para Garotinho, Norberto não teria densidade eleitoral suficiente para garantir a vaga.
O PR chegou a ameaçar o PROS de retirá-lo da disputa ao Senado pela coligação, caso insistisse no nome de Norberto. Garotinho defendeu a indicação da deputada federal Lilian Sá para a disputa. Na madrugada de ontem, a executiva estadual do PROS optou por aceitar Lilian para o Senado e Comandante Norberto para a vaga de primeiro suplente. O anúncio oficial da mudança será feito hoje pela legenda.
O PCdoB, que integra ao lado de PSB e PV a aliança do candidato ao governo do estado Lindbergh Farias (PT), lançará hoje no Rio um candidato avulso ao Senado. A decisão foi tomada ontem, durante reunião da executiva estadual. Líderes do PCdoB no Rio acusam o PSB de quebrar o acordo que previa a primeira suplência aos comunistas. A vaga para senador na chapa de Lindbergh é ocupada pelo deputado federal Romário (PSB). O PCdoB indicou o presidente regional da legenda, João Batista Lemos, para a suplência.
Apesar de a candidatura independente ao Senado do PCdoB, o partido garantiu que não deixou a aliança e reafirmou que se mantém na coligação Frente Popular.
“Tivemos posições altruístas”
De acordo com a deputada federal Jandira Feghali, a candidatura poderá ser novamente em torno de seu nome ou de outro quadro político com peso eleitoral. Na última pesquisa Ibope de intenções de voto, Jandira permanecia tecnicamente empatada com Romário na primeira posição, seguidos por Sérgio Cabral (PMDB):
— Tivemos posições altamente altruístas em ceder a candidatura ao governo do Rio, no primeiro momento, e ao Senado, logo em seguida. Eram candidaturas extremamente competitivas. Pensamos desde o início na composição da coligação, com objetivo de construir uma aliança forte, à esquerda — disse Jandira. — Contudo, o rompimento do acordo pelo PSB nos força a isto. O PCdoB não pode ser tratado dessa forma. Nós não tratamos aliados os colocando de joelhos, mas em pé. Em 2006, quando concorri ao Senado, o PSB ocupou a primeira suplência, com Roberto Amaral — criticou a deputada.
Caso o PSB não aceite manter o acordo, a direção estadual do PCdoB anunciará hoje à tarde o nome escolhido para a disputa. O registro no Tribunal Regional Eleitoral das candidaturas pode ser feito até as 19h de hoje.
— O PCdoB precisa ser valorizado e tratado com respeito. Estamos cobrando o cumprimento de um acordo feito entre os quatro partidos da aliança: PT, PV, PSB e PCdoB — acrescentou Jandira
(Colaborou Marcelo Remígio).
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