- O Estado de S. Paulo
Analisando-se os cruzamentos da pesquisa Datafolha, vê-se que Marina Silva (PSB) recuperou seus eleitores históricos: os muito jovens (7 pontos acima de sua média), os que têm curso universitário (9 pontos acima), os de renda mais alta (8 pontos acima), os moradores das grandes e médias cidades (4 pontos) e os evangélicos (até 6 pontos acima da média).
Do ponto de vista geográfico, sua força maior continua sendo no Norte/Centro-Oeste e no Sudeste. Ela teve, como sempre, mais dificuldades no Sul e no Nordeste. Vai melhor nas metrópoles do que no interior. É o mesmo perfil de quem votou nela para presidente em 2010.
São eleitores que optam por Marina porque perderam a confiança no PT e no PSDB. Seus motivos variam. Há os que se desencantaram com a falta de solução para problemas eternos nos serviços públicos, pela corrupção ou pela mera ladainha de petistas acusam tucanos, que acusam petistas, numa ciranda sem fim nem propósito senão o de se alternarem no poder.
Mas há também aqueles que elegem Marina por causa da fé da candidata. Ela chega a 29% entre evangélicos não pentecostais e a 27% entre os pentecostais. Por comparação, tem 19% entre católicos e 23% entre agnósticos e ateus.
Parece que Marina não tira votos de Dilma Rousseff e Aécio Neves, porque as intenções de voto em ambos não se alteraram no Datafolha. Mas pode ser miragem. Dilma pode ter ganho de um lado - afinal, a avaliação de seu governo melhorou - e perdido para Marina o mesmo tanto que ganhou.
O fato é que Marina rebaixa tanto o teto de Dilma como o de Aécio. No cenário sem a candidata do PSB, a petista chega a 41% e o tucano, a 25%. Ou seja, cada um deixa de ganhar 5 pontos por causa de Marina. E o estrago pode crescer.
Até agora, Marina recuperou seus eleitores históricos que estavam acantonados com Eduardo Campos e com os nanicos, ou estavam indecisos e declarando voto nulo e branco. Marina personificou o seu protesto e pode vir a incorporar outros protestantes - sejam religiosos, sejam manifestantes.
Vai depender, claro, de sua atuação, mas também dos seus adversários. Quanto mais Dilma e Aécio se digladiarem entre si, mais insatisfeitos Marina terá para recolher em sua urna. Ela tem a menor rejeição e o maior potencial de crescimento.
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