“Sempre que tive a oportunidade, procurei desqualificar essa valorização da economia nas decisões do quadro político brasileiro imediato. A meu ver, o que ilustra melhor isso são as jornadas de junho de 2013,quando as demandas eram, todas, de outra natureza. Diziam respeito a direitos.
Direitos. E, olhando bem, quando viramos para 2014 e o processo eleitoral se abre, qual é a agenda dos três principais candidatos? A que foi posta nas ruas pelas manifestações de junho. A discussão econômica não está dominando as intervenções públicas desses candidatos. Domina suas intervenções com comunidades de empresários, de homens de negócio, empreendedores. Tem que ser assim mesmo. Agora, quando falam para o grande público,o tema é outro. O tema é o da agenda de junho de 2013, uma agenda de direitos.
Pode parecer uma construção para marcar posição da minha parte, mas eu não estou vendo, neste processo, o tema da economia, tal como está posto pela mídia, como central. Até porque a economia não está vivendo mares catastróficos.
Não é todo eleitorado, mas os eleitores estão dizendo, especialmente os jovens, que não querem participar disso, ou que não estão satisfeitos em participar disso, não estão encantados por esse processo eleitoral. Está claro. E não se deve a razões econômicas, mas a uma insatisfação com as instituições, com a cultura política do país. E, de repente, o que se vê, com a morte do Eduardo, é que não havia tanto motivo para rejeitar. Havia bons candidatos. A política conhece bons personagens. O Eduardo era um deles.”
Luiz Werneck Vianna, sociólogo e professor da PUC-Rio. Entrevista no jornal Brasil Econômico, 18 de agosto de 2014
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