• Marina enfrenta uma onda de boatos disseminados pelo PT de que pretende acabar com os programas Bolsa Família, Mais Médicos e Minha Casa, Minha Vida, além de aumentar os preços da conta de luz e dos combustíveis
- Correio Braziliense
Com Marina Silva (PSB) no pelourinho, sob duros ataques de Dilma Rousseff (PT) e do tucano Aécio Neves (PSDB), a disputa para saber quem vai para o segundo turno nas eleições tornou-se mais dramática.
Afora a falta de tempo de televisão, de estruturas robustas de poder, de recursos financeiros e de apoio políticos, a candidata de PSB cometeu erros que abalaram o favoritismo dela nas simulações de segundo turno.
Além dos fatores objetivos acima, a maior fragilidade de Marina se revelou quanto ao discurso político. Os adversários se aproveitaram de polêmicas criadas por Marina ou seus porta-vozes, como as relativas ao casamento gay, à independência do Banco Central, à exploração do pré-sal, ao controle da inflação e à legislação trabalhista.
Sob duros ataques do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina enfrenta uma onda de boatos disseminados pelo PT de que pretende acabar com os programas Bolsa Família, Mais Médicos e Minha Casa, Minha Vida, e também aumentar os preços da conta de luz e dos combustíveis.
Sem tempo de televisão para se defender de forma satisfatória, o bombardeio mexeu com as pesquisas: Dilma manteve-se estável, com 36%, Marina resiste nos 30% e Aécio, com 17%, registra recuperação.
Há troca de eleitores entre Dilma e Marina e entre Marina e Aécio, porém, confirma a volatilidade do ambiente eleitoral. A rejeição a Marina subiu para 22% e a capacidade de resistência dela passará por dura prova nesta reta final da eleição.
Segundo turno
O voto consolidado de Dilma é da ordem de 33% do eleitorado, que nela votariam “com certeza”. Isso lhe garante presença certa no segundo turno, a não ser que ocorra algo de muito extraordinário. Dos 25% que votam “com certeza” em Marina, porém, 24% admitem que também poderiam votar na petista.
Vem daí o risco de Marina perder mais terreno para Dilma e, simultaneamente, abrir espaço para Aécio na reta final da campanha. O tucano ainda tem esperança de recuperar o segundo lugar perdido após a tragédia que tirou da disputa o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
A queda de Marina somada ao crescimento de Aécio reduziu de 18 para 13 pontos a distância entre os candidatos do PSB e PSDB. Marina manteve a liderança no Sudeste, mas caiu de 36% para 32% nas intenções de voto da região. Dilma ficou estável em 28%, e o tucano oscilou dois pontos pra cima (18% para 20%).
Considerando-se a situação de Minas Gerais, onde as pesquisas não refletem o potencial eleitoral de Aécio, um tour de force do candidato tucano no estado pode mudar o cenário. O senador mineiro cresceu no Centro-Oeste (16% para 23%) e no Sul (20% para 22%), o que corrobora a tese de que a travessia do chamado Triângulo das Bermudas — São Paulo, Minas e Rio De Janeiro — é o caminho crítico para Aécio sonhar com o segundo turno.
É no Sudeste, principalmente, que Marina sustenta sua candidatura, pois cedeu terreno no Sul (28% para 25%), no Centro-Oeste (35% para 31%), no Norte (32% para 28%) e no Nordeste (31% para 32%). Dilma permaneceu estável em praticamente todas as regiões. No Sul, tinha 35% e manteve o índice. No Nordeste, oscilou positivamente de 47% para 48%. No Centro-Oeste de 30% para 32% e no Norte de 48% para 49%.
À soviética
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) corrigiu na sexta-feira os dados que constavam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2013, divulgada na última quinta. Enquadrada pelo Palácio do Planalto, a presidente do instituto, Wasmália Bivar, pediu desculpas por erros “extremamente graves”. O equívoco afetou diversos índices divulgados, como analfabetismo e o Coeficiente de Gini, que calcula o nível de desigualdade no país. Resultado: os dados oficiais do governo estão sob suspeita de manipulação.
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