• Liderados por FH, tucanos dizem que cobrarão investigação de escândalos
Maria Lima e Fernanda Krakovics – O Globo
BRASÍLIA - Após receber 51 milhões de votos na eleição presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) desembarca hoje em Brasília com a missão de assumir o posto de principal porta-voz da oposição no Congresso. Tucanos e líderes de outros partidos de oposição defendem que seja adotada a linha pregada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado no GLOBO no último domingo: a de uma oposição sem tréguas ao governo até que a presidente Dilma Rousseff (PT) prove que não será leniente com a corrupção e que levará às últimas consequências a apuração do escândalo que envolve aliados na Petrobras. Para tucanos, os 48,4% dos eleitores que apoiaram a oposição este ano querem mudança, cobram oposição ferrenha e rejeitam diálogo com o governo do PT.
Nas entrevistas e pronunciamentos de hoje e amanhã, Aécio fará um balanço da campanha e apontará os rumos de sua atuação. O artigo de Fernando Henrique também foi entendido como um recado para o PSDB de que Aécio sai da disputa com credenciais para disputar novamente as eleições presidenciais em 2018. O ex-presidente ressaltou que Aécio foi firme na defesa de seus pontos de vista, sem perder a compostura, que retrucou seus adversários à altura e se firmou como um "verdadeiro líder".
- O artigo de Fernando Henrique vai na direção correta. Depois do que a presidente Dilma fez na campanha, mentiras, terrorismo, acusações pessoais, diálogo, só se ela mostrar, de fato, que vai rever sua conduta. Nosso papel será de oposição ao governo, a favor do país - disse o ex-coordenador da campanha em São Paulo Alberto Goldman.
O candidato chega no meio da tarde a Brasília e deverá ser recepcionado por manifestantes no aeroporto e no Congresso. Amanhã, fará um pronunciamento no Auditório Nereu Ramos, com governadores da oposição, parlamentares e lideranças de todos os partidos que o apoiaram no segundo turno.
Alguns tucanos acreditam que, pelo fato de Fernando Henrique ser um dos principais formuladores do partido, a tendência é de que a declaração a favor da Aécio afaste temporariamente disputas com vistas a 2018. A aposta é que Aécio construirá o projeto presidencial com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, principal alternativa ao mineiro dentro do ninho tucano.
- Aécio tem o "recall" da frustração nacional. Fez campanha corajosa no sobe e desce. A liderança que conquistou é intransferível pela singularidade da campanha que enfrentou e quase ganhou. O artigo de Fernando Henrique automaticamente remete a ele - afirmou o presidente do DEM, José Agripino.
Sem ser "arroz de festa"
Os tucanos dizem que Aécio terá que se equilibrar agora em uma linha tênue que assegure uma atuação vigorosa no Senado, mas sem se expor a embates cotidianos com senadores petistas. A ideia é que o embate diário caiba a outros integrantes da tropa oposicionista, como José Agripino (DEM-RN), José Serra (PSDB-SP), Álvaro Dias (PSDB-PR), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).
- Aécio não pode virar arroz de festa e ficar batendo boca com Gleisi (Hoffmann) ou Lindbergh (Farias). Não pode banalizar o sentimento de mudança da sociedade - explica o presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana.
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