• Economistas veem impacto entre 0,35 e 0,80 ponto. Índice sai hoje
Bruno Rosa, Lucianne Carneiro – O Globo
O aumento na conta de luz para os cerca de quatro milhões de clientes da Light, que entrará em vigor na sexta-feira, dará impulso extra à inflação no Rio de Janeiro. De acordo com projeção da MB Associados, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza as metas de inflação do país, vai fechar o ano em 7,3% na Região Metropolitana do Rio, bem acima do teto da meta, de 6,5%, e da média esperada pelo mercado para o país, de 6,43%, segundo o boletim Focus, do Banco Central. No ano passado, o IPCA no Rio foi de 6,16%.
Economistas estimam que apenas o impacto de um reajuste de 25% no preço da energia residencial pela Light represente algo entre 0,35 e 0,80 ponto percentual na inflação do Rio. No país, esse efeito deve variar entre 0,04 e 0,10 ponto percentual.
Em 2013, o preço da energia elétrica no país recuou 15,6%. Até setembro deste ano, a alta acumulada é de 13,2%. A MB Associados calcula que o aumento de energia em 2014 chegue a 18,1%. Na taxa de 6,75% da inflação nos 12 meses encerrados em setembro, a energia elétrica respondeu por 0,38 ponto percentual.
Segundo a Light, o reajuste pedido à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi na faixa de 20%. No entanto, a Aneel informa em seu site que o pedido foi de 25,04%. O índice será anunciado hoje e entra em vigor no próximo dia 7.
O forte aumento da tarifa é um reflexo da atual crise do setor. Com a falta de chuvas, o baixo nível dos reservatórios obrigou o governo a ligar as térmicas, que têm um custo maior, para gerar energia. Segundo dados da Aneel, só neste semestre, a média dos aumentos é de 25,6% entre as distribuidoras com mais de 500 mil clientes. Na semana passada, Roraima teve reajuste superior a 50%.
Peso de térmicas e dólar
Segundo Sergio Valle, economista-chefe da MB Associados, que estima o IPCA do Rio em 7,3%. Se houver reajuste nos combustíveis, chegaria a 7,5%.
- Projetamos um avanço de 18,1% nos preços de energia elétrica no país este ano, justamente com um peso mais importante do Rio em novembro. Tudo o que o governo fez no ano passado foi desfeito e não deve ser diferente no ano que vem, com as estimativas iniciais de elevação de energia indo para casa dos 20% - diz Valle.
Segundo Fabio Romão, da LCA, o grupo energia deve fechar o ano em 17,3%, sendo o principal vilão da inflação. Ele projeta o IPCA fechado no país em 6,43%.
Já a economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Maria Andreia Parente estima um impacto de até, no máximo, 0,80 ponto percentual na inflação da Região Metropolitana do Rio caso a Light obtenha um reajuste de 25%.No IPCA nacional, esse impacto seria de 0,10 ponto. Com um reajuste de 20%, esse impacto seria de 0,64 ponto no Rio e de 0,08 ponto no país.
A projeção do economista-chefe do ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, é um pouco mais cautelosa. Seu cálculo considera que apenas parte do reajuste da Light será refletido no IPCA, já que alguns municípios são atendidos pela Ampla. Caso o aumento seja de 25%, o impacto seria de 0,35 ponto no IPCA do Rio e de 0,04 ponto no do país. Ele estima que o IPCA encerre 2014 em 6,4%, sem considerar um reajuste de combustível.
- Esse aumento reflete apenas as condições de mercado, com maior uso das térmicas e alta do dólar, que influencia o preço da energia de Itaipu. Para 2015, além desse impacto, teremos os custos com os empréstimos às distribuidoras. Trabalho com reajustes pelo menos iguais aos de 2014 - diz Leal.
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