Claudia Safatle – Valor Econômico
Na reunião ministerial de hoje, a primeira do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff pretende declarar apoio integral à política econômica de Joaquim Levy, ministro da Fazenda, segundo informações do Palácio do Planalto.
Levy e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, farão uma apresentação sobre os rumos da economia neste e no próximo ano. A principal mensagem que Dilma quer deixar para seu ministério é a de que a nova equipe econômica tem todo o seu aval para fazer a "correção de rumos" necessária.
Como resultado, ela espera que até meados de 2016 o país esteja com a economia nos trilhos, tenha recuperado credibilidade e apresente novas perspectivas de crescimento. O prazo é exíguo, assim como é curto o tempo que Dilma terá livre de compromissos eleitorais. A partir de junho do próximo ano a campanha municipal estará nas ruas.
Ao declarar apoio, a presidente procura sanar dúvidas sobre o seu real compromisso com a nova política econômica que, até agora, restringiu o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários (com economia estimada em R$ 18 bilhões) e aumentou impostos sobre a gasolina e as importações (cerca de R$ 20 bilhões a mais nas receitas deste ano).
O corte de gastos com benefícios sociais - seguro desemprego, pensão e abono salarial - foi preparado pelo então ministro Guido Mantega, no ano passado. Ele não o implementou e nem elevou os tributos por que 2014 era o ano de eleições presidenciais, mas deixou as medidas prontas para serem adotadas.
Dilma tinha plena ciência, antes das eleições, de que seria preciso um forte ajuste fiscal e um freio de arrumação geral na economia, disse uma fonte. Primeiro, porém, era preciso vencer a disputa.
A área de atuação de Levy não se esgota no ajuste das contas públicas, embora isso não seja pouco dado que encontrou o caixa do Tesouro Nacional vazio. A ele cabe formular e executar a política econômica do governo, cuidar do crédito, da poupança, do comércio exterior, dos preços, dentre outras. E uma das primeiras providências do novo ministro foi imprimir o realismo tarifário na energia elétrica, não só para livrar o Tesouro de um gasto crescente mas, também, por acreditar no sistema de preços.
Colaboradores da presidente salientam que esta não será a primeira referência que ela fará a Levy. Em entrevista aos jornais do Grupo dos Diários Americanos (GDA), Dilma falou: "Convivi com o ministro Levy durante anos e tenho confiança na sua competência para conduzir o Ministério da Fazenda neste momento. O ministro Levy foi um quadro importante no governo Lula. Ter trabalhado em um banco não o diminui, ao contrário, apenas amplia a sua experiência profissional."
Na reunião de hoje a presidente deixará claro que Nelson Barbosa também conta com seu apoio. A menção explícita ao ministro do Planejamento pode ser vista como uma forma de Dilma reparar o dano causado à imagem de Barbosa, que por sua determinação teve que desmentir declaração de que o governo poderia mudar a política de reajuste do salário mínimo, cuja lei tem prazo de vigência apenas até este ano.
No Palácio do Planalto já há quem demonstre preocupação com a força do "fogo amigo", que começa a soltar fagulhas no ministro da Fazenda de forma explícita e implícita antes mesmo do fim do primeiro mês de governo.
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