• Petistas partiram para a obstrução com o apoio de outros partidos, mas, isolado, partido decidiu recuar
Isabel Braga e Júnia Gama – O Globo
BRASÍLIA - O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) venceu o primeiro embate contra o PT e, com a base que ajudou a elegê-lo para a Presidência da Câmara, além do apoio da oposição, conseguiu na noite desta terça-feira garantir a criação de uma comissão especial para a apreciação de uma reforma política.
A disputa entre PT e PMDB na eleição para a presidência da Câmara foi transportada para o plenário da Casa, na discussão da proposta. Diante da decisão de Eduardo Cunha de acelerar a criação de uma comissão especial de uma emenda constitucional de reforma política em plenário, o PT partiu para a obstrução com o apoio de partidos como PCdoB, PRB, PV e PSOL, entre outros. Mais tarde, isolado na obstrução, somente depois das 23h, o PT decidiu recuar.
– De novo, o PT quase assumiu mais uma derrota daquilo que não precisava. A posição do partido estava contraditória com quem quer votar uma reforma política – criticou Cunha.
A PEC da reforma política estava parada, há mais de um ano, na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, por obstrução do PT. A PEC contraria o modelo defendido pelo partido. O principal ponto de divergência é quanto ao financiamento de campanha. O PT defende o fim das doações de empresas privadas. A proposta quer incluir essa fonte de contribuição financeira na Constituição, no momento em que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal já votou pela proibição das doações de empresas. O placar está 6 a 1 e ainda faltam os votos de quatro magistrados.
A votação provocou debates acalorados e troca de farpas entre deputados e o presidente da Câmara.
– Foi crescendo a percepção de isolamento e o PT percebeu que teria outra derrota política, no dia seguinte à eleição para a Presidência da Câmara – afirmou o líder da minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE).
- Alguns querem empurrar goela abaixo essa reforma política. Mais de 80% do povo brasileiro defendem que as empresas saiam do financiamento de campanhas. Vamos sair do debate maniqueísta de que alguns querem a reforma política porque querem essa emenda constitucional. Não é razoável - defendeu o deputado Henrique Fontana (PT-RS), antes do partido ceder à criação da comissão especial.
Antes do acordo, a líder do PC do B, Jandira Feghali (RJ) chegou a cobrar de Cunha imparcialidade na condução da sessão.
- Vossa Excelência é presidente da Casa, não é líder de partido - cobrou Jandira.
- Não estava tomando parte, estava respondendo. Não poderia ouvir uma acusação desta sem responder - retrucou Cunha.
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