- O Globo
Por que o governo preferiu jogar todas as suas fichas para eleger Arlindo Chinaglia (PT-SP) presidente da Câmara e derrotar Eduardo Cunha (PMDB-RJ)?
Acreditou de fato que poderia ser bem-sucedido? Ou raciocinou com o estômago avaliando como superáveis as dificuldades que encontrou pelo meio do caminho?
Em resumo: foi um erro de cálculo muito comum em episódios como esse, resultado de má avaliação? Ou foi erro provocado por explosão de ira ou algo parecido?
Faltou alguém de cabeça fria ao lado da presidente Dilma para aconselhá-la a se compor com Cunha ou a se manter distante da eleição? Ou não faltou, e foi ela quem decidiu ir para o tudo ou nada?
Se foi decisão dela que contrariou vários dos seus conselheiros, menos mal. Prova, pelo menos, que há cabeças frias nas vizinhanças dela. Quem sabe não prevalecerão em outras ocasiões?
Caso a derrota colhida por Dilma tenha sido também uma derrota de quem a assessora, incapaz de enxergar o que por aqui se via com antecedência, bem... O governo vai mal, obrigado. Só tende a piorar.
O embate travado no último domingo pôs de um lado Cunha, acostumado a enfrentar o governo, e do outro, a presidente e uma dezena de ministros. Os dois combatentes foram esses.
É certo que Cunha contou com aliados na Câmara, mas o governo também. Notável é o fato de um parlamentar, como qualquer outro, ter conseguido vencer sozinho o governo.
À parte os atributos pessoais do novo presidente da Câmara, foi a pobreza de atributos por parte do governo a maior responsável pela sua própria derrota.
O que este governo tem a oferecer aos que se dizem seus aliados, mas que são capazes de largá-lo de mão na primeira oportunidade? Cargos? Favores? Miçangas do poder?
De que adiantou a presidente ter loteado o seu governo com os partidos, admitindo como ministro até quem tinha sido preso com malas de dinheiro no aeroporto de Belo Horizonte?
Quem poderá garantir que a eleição de Cunha não passou de caso isolado, e que os ruminantes da base do governo no Congresso voltarão a ruminar mansamente?
(Eu disse "mansamente". Não "mensalmente".)
O governo costuma ser um reflexo de quem o lidera.
Dilma não ama as pessoas e não é amada por elas. É simples assim.
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