• Na semana passada, bancada tucana na Câmara declarou-se favorável; no sábado, Aécio afirmou que posicionamento está restrito a deputados
Chico de Gois - O Globo
BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP), têm reunião agendada para esta terça-feira para discutir a posição do partido sobre um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, a bancada tucana na Câmara declarou-se favorável a ação. No entanto, no sábado, Aécio divulgou nota na qual deixa clara que, por enquanto, a defesa do impeachment está restrita aos deputados da legenda e não representa o posicionamento oficial do partido.
Parlamentares do PSDB disseram que Sampaio apenas expressou a vontade da maioria na Câmara, mas, depois da declaração de Aécio, fizeram questão de destacar que é importante toda a legenda se manifestar sobre o assunto e que o posicionamento oficial só ocorrerá após deliberação da executiva – que não tem data ainda para se reunir. Além disso, observaram, uma ação drástica como essa não pode ter apenas a digital do PSDB, mas, sim, o apoio da oposição – inclusive do PMDB que, embora pertença à base de apoio de Dilma, tem uma considerável ala independente.
– Tomamos uma posição praticamente unânime na bancada, que será levada para o presidente do partido. Na nossa opinião, há ingredientes suficientes para o pedido de impeachment, mas a ação tem que ser partidária. O impeachment não é uma questão jurídica, mas política – disse o vice-líder do partido, Nilson Leitão (MT).
Para o parlamentar, Aécio está sendo cauteloso ao tratar do assunto. Leitão defende o apoio da oposição para que uma eventual ação de impeachment tenha mais força.
– Não podemos apresentar um pedido apenas para aparecer no noticiário.
Marcus Pestana (PSDB-MG) afirmou que a declaração de Sampaio, que externou o que a maioria dos deputados tucanos pensa, é mais um passo para a construção do processo de impeachment. Ele disse que a bancada está auxiliando a executiva do partido na discussão.
– Há consistência jurídica para o pedido, conforme parecer de nossa assessoria jurídica e do advogado Ives Gandra Martins – afirmou.
Aécio tem dito que vai aguardar o parecer encomendado pelo partido ao jurista Miguel Reale Júnior. Este teria sustentado a tese de que o mandado anterior não pode ser usado para justificar o pedido de impeachment do atual mandado.
– Não é a bancada da Câmara que vai decidir. Quem vai tomar uma decisão é a executiva nacional. Não cabe à bancada ter papel isolado num assunto dessa gravidade – afirmou Pestana, que é favorável ao impeachment de Dilma.
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