• Em Lisboa, vice-presidente diz que r$ 868 milhões do fundo não devem afetar o ajuste fiscal
Jair Rattner* - O Estado de S. Paulo
LISBOA - O vice-presidente Michel Temer disse ontem em Lisboa que a verba de R$ 867 milhões do fundo partidário poderá ser contingenciada por conta do ajuste econômico que o governo federal tenta levar adiante.
- Pode vir a haver um eventual contingenciamento desta verba ainda neste ano - afirmou Temer, num encontro com jornalistas: - Parte dessa verba que foi acrescida pode vir a ser contingenciada em face do ajuste econômico.
Mas, para o vice-presidente, que se reuniu em Lisboa com a Comissão de Relações Exteriores do Parlamento português e com o vice-primeiro-ministro do país, Paulo Portas, o aumento no valor do fundo partidário não deverá afetar o ajuste fiscal. Em suas palavras, "as importâncias (...) não são tão significativas (frente ao total do ajuste a ser feito), mas são relevantes para atuação partidária". O fundo é uma das fontes de recurso dos partidos que têm representação no Congresso Nacional.
Nos últimos dias, o PMDB, partido de Temer, se colocou contrário ao aumento do fundo partidário dos R$ 308,2 milhões de 2014 para os R$ 867 milhões sancionados anteontem. Perguntado sobre o assunto, Temer justificou a postura da sigla, dizendo que ela agiu dessa forma tendo "em vista o ajuste fiscal".
Ainda na tentativa de defender o ajuste econômico proposto pelo governo Dilma Rousseff, o vice-presidente elogiou o corte de gastos públicos que foi implantado pelo governo português a partir de 2010.
Ele disse que, "se (o ajuste) deu resultado aqui (em Portugal), dará resultado no Brasil". A avaliação, no entanto, contradiz a que foi feita pela própria Dilma e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2011. Na época, ambos criticaram o pacote de medidas português, afirmando que a política de austeridade europeia agravaria mais a crise, deixando de resolver os problemas econômicos do continente.
Recessão e desemprego
Muitos economistas, entre eles o prêmio Nobel Paul Krugman, também se posicionaram de forma crítica ao ajuste realizado em Portugal. Ao falar sobre esse assunto, os especialistas destacam que, durante os três anos do programa de cortes de gastos públicos português, o desemprego do país chegou a 17%, a economia entrou em recessão, e a dívida pública subiu de 90% para 132% do Produto Interno Bruto (PIB).
Ao ser questionado sobre se a opinião do governo brasileiro sobre o pacote de ajustes econômicos de Portugal havia mudado, Temer negou. Alegou que havia expressado apenas uma opinião pessoal. ( *Especial para O GLOBO )
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