• Chamado de traidor por grupos anti-Dilma, tucano nega recuo e diz que 'nada está descartado'
• Até parlamentares do PSDB questionam decisão de ingressar apenas com pedido de investigação da petista
Daniela Lima – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Sob críticas dos grupos que organizam atos contra a presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que "não há recuo, mas estratégia" na decisão de não levar à frente, neste momento, um pedido de abertura de processo de impeachment contra a petista.
Em tom de lamento, o senador disse à Folha que considera importante que esses movimentos vejam que "essas ações podem ser complementares" e que "nada está descartado" pela oposição.
"É importante que haja uma compreensão de que as nossas ações podem e devem ser complementares. O que estamos fazendo não vai na contramão do que eles pregam, ao contrário. Pode ser um insumo importante", afirmou o tucano.
Ao lado das outras siglas de oposição, o PSDB anunciou na quarta (20) que, com base em parecer elaborado pelo jurista Miguel Reale Júnior, optaria por pedir a abertura de uma ação penal contra a presidente, argumentando que ela cometeu crime comum ao usar recursos de bancos públicos para fechar as contas do governo, as chamadas "pedaladas" fiscais".
Havia, no entanto, mesmo entre deputados tucanos uma expectativa de que o parecer abrisse caminho para um pedido de impeachment. Logo após comunicar a decisão, Aécio passou a ser alvejado nas redes sociais por líderes de grupos anti-Dilma, como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Revoltados Online.
Integrantes desses movimentos chamaram o senador de "traidor" e disseram que ele "arregou". Aécio rebateu.
"Na mesma semana em que o PT vai à Justiça me acusando de ter patrocinado um programa de TV muito duro contra eles, alguns movimentos consideram a nossa atuação tímida", disse.
Aécio afirma que o pedido de abertura de uma ação penal, que será feito ao procurador-geral da República na terça (26), foi o caminho que "uniu as oposições por, hoje, representar com mais facilidade a possibilidade de investigar a presidente".
"É natural que eles tenham a sua agenda, mas tenho certeza que saberão respeitar a nossa. Nada está descartado", afirmou. "O processo é dinâmico e todas as hipóteses são admitidas", encerrou.
Deputados
Em privado, até deputados do PSDB admitiram desconforto com a decisão da cúpula da legenda. A bancada do partido na Câmara trocou mensagens críticas a Aécio logo após a decisão ter sido comunicada a eles.
Os parlamentares tucanos mantém um grupo no Whats-App, aplicativo de troca de mensagens. Vários parlamentares fizeram reparos à postura do senador e à decisão das siglas de oposição.
Entre os relatos recebidos pela Folha estão queixas sobre o "descolamento do partido com a agenda da população" e o desconforto que a mudança de postura traria aos parlamentares em suas bases eleitorais.
Procurado para comentar o assunto, o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP) não respondeu às ligações da reportagem.
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