• Em fábrica de São Bernardo, 61% entram em férias coletivas
Ronaldo D’Ercole – O Globo
SÃO PAULO- Com a retração de vendas de veículos, duas montadoras do ABC paulista anunciaram novos afastamentos de empregados. A Volkswagen colocou todos os funcionários das linhas de produção de sua fábrica em São Bernardo do Campo em férias coletivas, medida que começou a valer ontem. Os trabalhadores, aproximadamente oito mil dos cerca de 13 mil funcionários da unidade, ou 61% do total, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, só retornarão à atividade daqui a dez dias. Apenas os funcionários da área administrativa permanecem trabalhando.
Na unidade são produzidos os modelos Gol, Saveiro e Jetta. "A Volkswagen tem feito uso de ferramentas de flexibilização para adequar o volume de produção à demanda do mercado", informou a montadora em comunicado. Também no ABC, a General Motors anunciou que colocará, a partir de hoje, 467 funcionários da fábrica de São Caetano do Sul em licença remunerada.
A empresa já tem 850 funcionários daquela unidade em lay off (suspensão temporária do contrato de trabalho). — Está difícil a situação aqui. Estamos tentando evitar este tipo de coisa, vamos conversar — disse Agamenon Nunes, diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Os metalúrgicos da unidade da Volks no ABC ficaram em greve por dez dias em março, e a montadora recuou da decisão de demitir 800 empregados que estavam em lay off. Um novo plano de demissões voluntárias (PDV), com mais benefícios, foi adotado.
Assim, a montadora conseguiu a adesão de cerca de 800 trabalhadores, de acordo com o Sindicato. A Volks tem ainda outros 940 empregados — 370 de sua fábrica em Taubaté (SP) e 570 da unidade de São José dos Pinhais (PR) — em lay off. A unidade da montadora em Taubaté produz os modelos Up!, Voyage e Gol. No dia 30 de março, a Volks colocou 4.200 funcionários da unidade em fér ias coletivas, além de paralisar a produção no local por 20 dias. Ainda no Vale do Paraíba, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, 470 empregados da fábrica da chinesa Cherry , inaugurada há menos de um ano, estão em greve há 29 dias. A Mercedes também já concedeu dez dias de férias coletivas no início do ano, tanto no ABC de Juiz de Fora (MG), onde trabalham 900 pessoas.
Produção deve cair 10% quanto na unidade
No mês passado, a montadora alemã chegou a anunciar a demissão de 500 dos 715 empregados de sua fábrica do ABC que estavam em lay off. Mas recuou, depois que os empregados entraram em greve e paralisaram a fábrica por um dia. Os trabalhadores, então, voltaram ao lay off. Na fábrica de caminhões da Ford, em São Bernardo do Campo, 424 trabalhadores estão afastados do trabalho por folgas acumuladas no banco de horas. De acordo com a Anfavea, a associação que reúne as montadoras, as vendas recuaram mais de 17% nos três primeiros meses do ano. Os dados sobre vendas e produção da indústria em abril serão divulgados nesta semana. Depois dos dados negativos do primeiro trimestre, a entidade revisou suas projeções para o ano.
A Anfavea prevê produção de 2,8 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em todo o país, o equivalente a uma queda de 10% em relação aos 3,1 milhões produzidos de 2014. A projeção é mais pessimista do que a alta de 4,1% prevista em janeiro. O segmento que mais deve sofrer é o de veículos pesados, que inclui caminhões e ônibus. Já para as vendas , a nova previsão da entidade é que sejam comercializados 3,03 milhões de veículos este ano, número que representa queda de 13,2% na comparação com 2014. Em janeiro, a Anfavea estimava que os licenciamentos de veículos novos ficariam estáveis em 2015
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