• Partido aguardará fim da reforma política para fechar posição sobre financiamento empresarial de campanhas
• Documento final de congresso petista poupa política econômica e não cita ajuste fiscal. Recriação da CPMF, defendida pelo presidente do PT, é rejeitada
Leticia Fernandes e Sérgio Roxo – O Globo
SALVADOR - Diante de incertezas com os rumos das votações da reforma política no Congresso Nacional, o PT adiou a decisão sobre a suspensão das doações de empresas — e deixou para o diretório nacional a definição que determinará se a legenda continuará a receber financiamento empresarial nas próximas eleições. O adiamento foi defendido pelo presidente do PT, Rui Falcão, no 5º Congresso do partido, encerrado ontem em Salvador.
Em abril, antes da votação da reforma política na Câmara dos Deputados, o diretório nacional do PT decidira que o partido não aceitaria mais doações empresariais. Só os candidatos petistas poderiam continuar a receber contribuições de empresas para suas campanhas. Havia a expectativa de que o 5º Congresso do PT referendasse essa decisão.
Porém, no mês passado a Câmara aprovou o financiamento empresarial apenas para os partidos, e não para os candidatos — o inverso do que o PT decidira. Isso criou uma situação difícil para a arrecadação eleitoral petista.
Nesse quadro, o PT só deve fechar uma posição sobre o tema após a decisão final do Congresso Nacional. As votações da reforma política poderão levar meses. Há uma reunião do diretório nacional petista prevista para agosto, mas, dificilmente, até lá o Parlamento já terá chegado a uma definição.
O PT também encerrou os debates na Bahia sem entrar em confronto com o governo Dilma Rousseff. O texto defendido pela ala majoritária do partido, da qual faz parte o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi aprovado pelos delegados do encontro e excluiu críticas diretas à política econômica, sem menções ao ajuste fiscal.
A única citação direta ao cenário econômico fala em "conduzir a orientação geral da política econômica para implementação de estratégias para retomada do crescimento". A emenda era fruto de um acordo entre as principais tendências internas, incluindo a corrente majoritária, a CNB. O texto original da emenda era um mais incisivo: falava em "alterar a política econômica", mas foi modificado.
Se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixou de ser o "Judas" e foi esquecido pelos petistas, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não teve a mesma sorte. O PT defendeu a aliança com o PMDB, mas hostilizou o deputado aos gritos de "Fora Cunha!".
Intitulado "Carta de Salvador", o texto final do encontro petista excluiu também o apelo pela volta da CPMF, tema que gerou polêmica anteontem entre membros do governo e entre dirigentes do PT. A posição final foi uma derrota de Rui Falcão. No encerramento do encontro, ele mais uma vez defendeu o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso na Operação Lava-Jato.
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