- Folha de S. Paulo
Criticou-se a presidente Dilma Rousseff por ter-se disposto a trocar os titulares de pastas como Saúde e Educação na reforma ministerial da semana passada. Seriam áreas muito importantes para ser loteadas a representantes do baixo clero da Câmara, no caso da primeira, ou para sofrer com mais uma descontinuidade, exemplo do MEC.
Distribuir cargos sob critério político-partidário é um modo de governar disseminado neste mundo. As exceções costumam ser ditaduras.
A melhor vacina contra o estrago que o empossado pode causar na administração é o controle institucional. Em democracias avançadas, políticas públicas cristalizam acordos sociais profundos e atraem vigilância obsessiva. É preciso muita força para mudar o curso do transatlântico.
Aqui nem tanta. Ainda há atalhos pelos quais grupos políticos capturam recursos de pastas como Saúde ou Educação e os põem para trabalhar por seus interesses, à custa do serviço prestado aos usuários.
O PT não é exceção à regra do aparelhamento sectário, ao contrário da impressão deixada pelas lamúrias da "comunidade do SUS" antes da demissão humilhante de Arthur Chioro. As corporações de profissionais de saúde na órbita do petismo tiveram acesso predatório às estruturas de comando da pasta pelo Brasil.
Esse conúbio bloqueou a modernização da gestão em instituições federais de saúde, como hospitais e centros de pesquisa e desenvolvimento.
Desalojados e candidatos a desalojados reclamam da escolha de Marcelo Castro, inexpressivo deputado federal do PMDB do Piauí, para chefiar a Saúde –inexpressivo e "inimpressionável", como ele filosofou.
Mas que estragos Castro poderá fazer na comparação com os que o PT patrocinou? Tirar um pouco de água da fonte do corporativismo e matar a sede de oligarquias regionais?
Para o usuário do SUS, que não recebe serviço compatível com o custo dessa máquina, dá no mesmo.
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