• Comissão apenas com aliados motivou grupo ligado à oposição a reunir assinaturas
Eduardo Bresciani, Evandro Éboli e Isabel Braga - O Globo
BRASÍLIA - O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), em quem o governo apostou todas as suas fichas na negociação com o partido, deverá ser destituído hoje da função. Ontem à noite, deputados tinham na mão assinaturas de, pelo menos, 35 peemedebistas favoráveis à substituição de Picciani por Leonardo Quintão (MG). Eles pretendem protocolar o documento ao meiodia. A negociação teve a participação do vice-presidente da República, Michel Temer, e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
Segundo os peemedebistas, o apoio para a destituição pode chegar a 40 deputados. A bancada possui 66 deputados. Já prevendo a ameaça ao cargo, mais cedo Picciani articulou com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito da capital, Eduardo Paes, a volta de dois deputados que eram secretários: Marco Antônio Cabral e Pedro Paulo. Mesmo assim, os adversários de Picciani asseguram já ter as assinaturas suficientes para concretizar a troca.
Comissão do impeachment
A gota d’água para a queda do líder foi a condução na escolha da chapa para a comissão do impeachment. Alinhado com o Planalto, Picciani não abriu nenhum espaço para parlamentares favoráveis ao impeachment. Todos os seus 16 indicados tinham postura pró-Dilma, segundo os peemedebistas.
A chapa acabou derrotada em plenário e os dissidentes peemedebistas que embarcaram na chapa alternativa serão os representantes do partido na comissão.
— Ele poderia ter feito um cinco a três. Era razoável. Estaríamos satisfeitos — disse um dos articuladores do documento que impõe a troca.
O vice-presidente participou de forma tímida, de acordo com os peemedebistas. Ele foi comunicado ontem da movimentação dos insatisfeitos. Respondeu apenas que desejava a unidade da bancada, o que foi entendido como um sinal verde para os que queriam derrubar Picciani. Na última quinta-feira, segundo interlocutores, o próprio Temer tinha alertado Picciani da necessidade de contemplar toda a bancada na distribuição das vagas da comissão, para garantir a unidade.
A escolha de Quintão para sucedê-lo é o cumprimento de um acordo que havia com o próprio Picciani. Quando foi eleito líder, o deputado fluminense teve o apoio da bancada mineira para derrotar Lúcio Vieira Lima (BA) em troca de apoiar Quintão para o cargo em 2016. No mês passado, porém, Picciani avisou Quintão que desejava continuar na liderança no próximo ano.
Debate sobre ministros
A saída de Picciani não significará necessariamente uma debandada de ministros indicados por ele, como Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde). Mas, os peemedebistas que constroem a destituição do líder, pretendem debater agora na bancada como será a participação no governo.
— Não vai haver rompimento, mas não tem ampliação de conversa — disse um dos articuladores do grupo.
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