Este ano que agora termina se revelou muito diferente daquele que a presidente Dilma Rousseff (PT) projetava quando enviou sua mensagem ao Congresso Nacional, no dia 2 de fevereiro.
Naquela ocasião, a presidente dizia-se honrada por "cumprir o dever constitucional de prestar contas das principais atividades do executivo federal em 2014 e assinalar as prioridades para 2015".
Já afastada do contexto de mentiras de sua campanha eleitoral, Dilma até reconhecia as dificuldades que enfrentaria nos meses seguintes. Talvez traída pela soberba de ter vencido a segunda disputa presidencial consecutiva, entretanto, parecia imaginar que alguns indicadores da economia poderiam apresentar expressivas melhoras no ano que apenas começava.
Lembrando que em 2014 a alta dos preços (6,4%) permanecera "dentro do intervalo admitido pelo regime de metas" (de 2,5% a 6,5%), a presidente fez o Congresso saber que seu governo manteria "o controle da inflação como prioridade da gestão macroeconômica".
Tratava-se, sem dúvida para enfatizar o compromisso, do primeiro objetivo descrito na mensagem aos parlamentares –e o mínimo que hoje se deve dizer a respeito dele é que o governo Dilma fracassou fragorosamente: as últimas estimativas apontam para inflação que se aproxima de 11% neste ano.
Como mostrou reportagem desta Folha no domingo (27), esse não foi o único insucesso em relação ao conteúdo da mensagem. Das 34 principais metas para 2015 especificadas no documento, só 11 foram plenamente atingidas, 6 têm prazo de conclusão superior a um ano e 17 ficaram pelo caminho.
Por exemplo, o Programa Oferta de Água, destinado a estudos e obras para ampliar a segurança hídrica no país, teve liberados R$ 763,7 milhões dos cerca de R$ 2,9 bilhões anunciados. O Plano Nacional de Armazenagem, que organiza a construção e a reforma de armazéns para produtos agrícolas, recebeu R$ 21,1 milhões dos R$ 200 milhões prometidos.
Em outros casos, como o do Mais Especialidades (para atendimento médico especializado) e o dos centros de segurança em todas as capitais, as iniciativas nem saíram do papel devido à falta de recursos.
Verdade que houve avanços importantes. Construíram-se 6.322 creches e pré-escolas, montante pouco acima daquele previsto na mensagem ao Congresso; ofertaram-se mais bolsas de estudos para o ensino superior (ProUni) do que o projetado; implantaram-se 92 mil cisternas no semiárido, 50% a mais do que o compromisso assumido.
Prevalece, porém, a percepção de que o Brasil parou neste 2015. O governo de Dilma Rousseff, sem verbas para quase nada, conseguiu fazer muito pouco do que prometeu ao Congresso –e não tem ninguém a quem culpar pela herança maldita, a não ser a própria inépcia demonstrada no primeiro mandato.
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