• Estratégia inclui ainda conversas com governadores e líderes das bancadas
Catarina Alencastro, Washington Luiz, Simone Iglesias, Júnia Gama - O Globo
-BRASÍLIA- O esgarçamento da relação do governo com o PMDB, seu principal aliado, tomou contornos imprevistos: a presidente Dilma perdeu o ministro da Aviação Civil e teve que lidar com uma carta do vice Michel Temer, que foi interpretada como rompimento. Esses movimentos levaram a balança do PMDB, partido dividido, a pender pela 1ª vez contra o governo, aumentando a instabilidade no Planalto. Dilma, então, busca ampliar o leque de aproximação com os aliados, tentando convencê-los de que embarcar no impeachment é uma aventura perigosa, que abre precedentes que podem levar vários outros governos a serem afetados.
Com a união das oposições, agora publicamente favoráveis ao impeachment, a estratégia no Planalto é seguir fazendo defesa jurídica de que não há argumentos legais; lutar para não perder mais apoios dentro da base aliada; e se preparar para o embate com a opinião pública.
Desde que o pedido de impeachment foi aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Dilma passou a se expor quase diariamente em eventos públicos. O objetivo é ganhar espaço para o discurso contra o impeachment e tentar passar a imagem de que o governo continua ativo, com atos e projetos.
E a partir da união da oposição, o governo pretende agora associar os rivais a Cunha, que teria agido de forma vingativa.
— O PSDB volta a ficar de braços dados com Cunha. Essa união macula a imagem do PSDB, que se alia com uma pessoa notoriamente revanchista e chantagista — diz uma fonte palaciana.
Uma peça importante nesse xadrez é aferir o tamanho real da base de apoio no Legislativo. Com o aumento das traições e a queda do aliado Leonardo Picciani da liderança do PMDB, o governo mudou o formato das reuniões de líderes e agora opta por encontros reservados. E tem investido ainda em dois instrumentos para tentar reagrupar a base. Os governadores, que dependem da saúde financeira e da boa vontade do governo federal, e os ministros indicados pelas bancadas para a Esplanada.
No caso dos governadores, os resultados têm sido restritos. Em boa parte dos casos, os que prometem apoiar Dilma o fazem mais por uma questão institucional. No PSB, que tem três governadores, apenas um tem representação de seu estado na Câmara: Paulo Câmara, de Pernambuco. Apesar de ter assinado nota contrária ao impeachment, aliados dizem que ele não pretende trabalhar os deputados para que se realinhem ao governo.
No PMDB, Dilma tem cobrado dos ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) engajamento para ampliar os votos pró-governo. Até o momento, os esforços não trouxeram resultado. Prova disso foi a destituição de Picciani, fiador das nomeações.
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