• Dinheiro saiu de conta na Suíça; marqueteiro é suspeito de ser operador
Thiago Herdy - O Globo
CURITIBA- O marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Mônica Moura, transferiram da conta que mantinham secretamente na Suíça pelo menos US$ 2,5 milhões para dez offshores no Panamá, nas Bahamas e em Delaware (EUA), entre agosto de 2010 e janeiro de 2014. Os pagamentos representam a abertura de uma nova frente de investigação da Lava- Jato, que passa a considerar o casal não só prestador de serviços de marketing político, mas possível operador de outros tipos de despesa ou propina ligada a campanhas de governo e partidos políticos.
“É especulação”, diz defesa
Os pagamentos constam do extrato da offshore Shellbill, obtidos pela força- tarefa graças a acordo de cooperação jurídica internacional feito com os Estados Unidos. Sediada no Panamá, a Shellbill tem conta no banco suíço Heritage e registrou movimentações bancárias a partir de agências correspondentes em Londres e Nova Iorque.
A Lava- Jato quer descobrir quem são os beneficiários das dez offshores que receberam recursos de Santana e da mulher.
Em 2010, foi realizado um pagamento de US$ 340,5 mil, para a offshore Tacy Ventures Group, sediada no Panamá. Em depoimento à PF, ontem, Mônica disse que a Tacy Ventures teria vendido equipamentos usados em campanhas. A PF desconfia da versão, por não se tratar de um fornecedor de serviços de comunicação, como gráficas e empresas de áudio e vídeo. Essa foi a única offshore sobre a qual Mônica se manifestou.
Em 2011, foram realizadas três transferências para offshores no Panamá: duas no valor de US$ 135 mil, cada, para a Glasston e a High Level Financial; e uma no valor de US$ 303 mil para a Wickdell.
Em agosto de 2012, três offshores receberam dinheiro do marqueteiro: New Hope Trading, do Panamá ( US$ 225 mil), Nebadon Holdings, das Bahamas ( US$ 160 mil) e Global Trend ( US$ 70 mil), de Delaware, nos EUA. Três dias depois, Santana pagou outros US$ 545 mil para a Hatley Trading Assets. Em 2013 e 2014, foram realizados dois pagamentos: US$ 581 mil para a Kistrey Trading e US$ 3,3 mil para a Arlington Management.
Além das dez offshores, foram registradas transferências da Shellbill para a compra de um apartamento usado pelo casal em São Paulo e transferências para uma das filhas e o genro do marqueteiro.
A assessoria de Santana disse acreditar que a hipótese de investigação que o considera operador financeiro é “mera especulação sem consistência com a realidade” e uma “tentativa de autoridades policiais de querer manter detidos por mais tempo João Santana e Mônica Moura”.
Santana afirmou que não saberia “esclarecer a origem dos valores que ingressaram na conta da Shellbill” nem “o destino dos valores utilizados na mesma conta”.
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