Por Maria Cristina Fernandes – Valor Econômico
SÃO PAULO - Primeiro foi o PSDB que, cobrado em sua base por ter contribuído para a derrubada do fator previdenciário, alinhou-se com o Palácio do Planalto em seu projeto de reforma da Previdência. Depois foi a vez de a Presidência ceder, sem alarde, ao projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que limita a 30% a participação da União em projetos de exploração do pré-sal.
Em meio ao terceiro rebaixamento de agência de classificação de risco, o governo Dilma Rousseff se move na direção de reformas que afetem positivamente a expectativa do mercado em relação ao seu frouxo compromisso fiscal e, a despeito do preço do petróleo na lona, traga de volta o investimento estrangeiro.
Em ambos os movimentos, o PT não apenas ficou contra como alardeou a traição a bandeiras históricas do partido, como a rejeição ao estabelecimento da idade mínima para a aposentadoria, e o monopólio do petróleo.
O PT já cedeu antes, mas a um presidente mais forte, como o foi Luiz Inácio Lula da Silva - e não sem estrebuchar - na taxação de inativos. Também se curvou à mudança de modelo de concessão de rodovias e aeroportos, num momento em que a presidente Dilma, em seu primeiro mandato, ainda carregava promessa de futuro.
A bifurcação no plenário do Congresso Nacional coincide com o jogo de empurra na prisão de João Santana. O marqueteiro que expandiu seu mercado seguindo os passos da empreiteira-mor do criador petista, foi fundamental para a criatura adquirir vida, ou, pelo menos, imagem própria.
A rota de aproximação com bandeiras da oposição é a estratégia de Dilma para concluir seu mandato. Une-se, com discrição, ao adversário que custa a combater, na confiança de que o PT, depois de jogar sua resistência para a plateia, afinal, ceda - pelo muito que tem a perder com a deterioração de seu governo e pela combalida capacidade de reação de sua principal liderança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário