“O PT fazia duas escolhas que iriam marcar sua trajetória. A primeira, usar dinheiro sujo em campanha, mesmo método que atribuía aos adversários. A segunda foi deixar de apresentar um programa real de transformações, optar pela emoção, as luzes e cores, mulheres grávidas descendo a colina vestidas de branco. O PT saía da História para entrar no marketing. Não importava tanto o debate de ideias sobre o Brasil real, mas uma projeção idílica do futuro.
Esse mergulho carbono 14 não é um exercício nostálgico porque encerra duas lições. A primeira é que não surgirá nada de novo no universo político se escolhermos usar os mesmos instrumentos que condenamos no adversário. A segunda, muito importante, é que não há mais espaço para fantasias de luzes e cores, mas a urgência de um debate franco sobre os problemas do País. Ou fazemos os ajustes na economia ou os estragos caem sobre a nossa cabeça, como caíram sobre a dos gregos.
Não há tempo a perder quando se tem quase 10 milhões de desempregados. Será preciso negociar, suprimir concessões, para evitar a falência do Estado.”
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Fernando Gabeira é jornalista. ‘Carbonos 14’. O Estado de S. Paulo, 8/04/2016
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