Por Cristiane Agostine e Raphael Di Cunto – Valor Econômico
SÃO PAULO e BRASÍLIA - Desgastado com o processo de impeachment de Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou sua participação na primeira reunião do diretório nacional do PT depois do afastamento da presidente eleita. No encontro desta terça-feira, o partido deve definir a manutenção de alianças com o PMDB nas eleições deste ano, mesmo depois da articulação de Michel Temer para assumir a Presidência da República. A legenda recomendará prioridade a siglas que apoiaram Dilma como PCdoB e PSOL, mas não deve proibir apoio aos pemedebistas.
Na resolução que deve ser aprovada hoje com as regras para as próximas eleições, o PT deve afirmar que os acordos com o PMDB serão tratados localmente e que em municípios maiores, com mais de 100 mil eleitores, o comando partidário examinará as alianças - que não deverão ser vetadas. Entre as capitais, a única que deve ter acordo entre PT e PMDB é Aracaju. Em 2012, os dois partidos disputaram juntos em oito capitais.
Dentro do partido há grupos como o do diretório do Rio Grande do Sul que defendem a proibição de alianças com o PMDB e com outros partidos que votaram pelo impeachment de Dilma, como PP, PR e PSD. A legenda já veta alianças com o antigo bloco de oposição - PSDB, DEM e PPS. No entanto, já com a perspectiva de que o partido sairá enfraquecido destas eleições, o comando do PT evitará regras que possam dificultar ainda mais a vitória de petistas neste ano.
A sigla já viveu uma debandada de prefeitos por causa da má avaliação do governo federal e do PT, por assédio de governadores e casos de corrupção. Com um círculo restrito de alianças, petistas teriam menos estrutura para concorrer.
Ontem o PT começou a debater o assunto em reunião da Executiva, em Brasília. No encontro, dirigentes voltaram a descartar a convocação de nova eleição presidencial este ano e analisaram o tom do discurso de oposição que farão.
O presidente do PT, Rui Falcão, publicou um texto que deve nortear os discursos dos petistas. Para o dirigente, o governo Temer é "usurpador", tem caráter repressivo, neoliberal e deve cortar os avanços sociais conquistados nos últimos anos. Falcão disse ainda que o partido deve combinar uma oposição firme com a pressão para convencer os senadores a votarem contra o exame de mérito do impeachment de Dilma no Senado. "O PT continuará alinhado com os partidos, frentes e movimentos do "Não ao Golpe. Fora Temer!".
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