Não é plausível que empreiteiras pilhadas no Brasil distribuindo propinas não tenham aplicado o mesmo método em negócios patrocinados lá fora pelo PT
Procuradores e policiais federais puxaram o fio numa investigação do uso de um posto de gasolina em Brasília por doleiros para lavar dinheiro e veio um enorme novelo. Que continua a crescer. A Operação Lava-Jato se aproxima do terceiro ano de atuação, a ocorrer em março do ano que vem, e é bastante possível que, a partir das 77 delações premiadas da cúpula da Norberto Odebrecht — eixo do saque promovido na Petrobras, mas não apenas lá —, novas investigações tenham de ser realizadas.
Mas está à vista de todos o contorno do esquema montado a partir do lulopetismo, com aliados do PP e do PMDB, principalmente, a fim de bombear bilhões de companhias públicas — Petrobras à frente —, por meio do superfaturamento de contratos de obras, de prestação de serviços e na aquisição de equipamentos, com a finalidade de financiar o projeto de poder da cúpula do PT, centro de uma eclética aliança partidária, da esquerda à direita.
O acordo de leniência da Odebrecht, empreiteira bastante internacionalizada, envolve também os Estados Unidos e a Suíça. O fato é que há um ramo externo desse esquema, ainda pouco conhecido no Brasil. E não é pequeno. O Grupo de Diários América (GDA), onde se congregam 11 dos grandes jornais da América Latina, entre eles O GLOBO, mapeou obras contratadas na região por empreiteiras que participaram do petrolão e de outros esquemas no lulopetismo — além da Odebrecht, a Andrade Gutierrez, a Queiroz Galvão, a Camargo Corrêa e a OAS. Sempre financiadas pelo BNDES. Diante do escândalo, o banco suspendeu financiamentos e, com isso, estão paralisadas obras que representam créditos de US$ 5,7 bilhões, o equivalente a 58% daquilo que o banco destinou, entre 2003 e 2015, para financiar a exportação de serviços de engenharia.
Não sem motivos, a distribuição dos recursos privilegia países com governantes simpáticos ao PT. Ou que eram considerados “companheiros”. O mais privilegiado é a Venezuela (US$ 3,1 bilhões), chavista, à frente da República Dominicana (US$ 2,5 bilhões), e da Argentina (US$ 2 bilhões) dos Kirchner. Cuba aparece com financiamento de US$ 832 milhões, bastante para o tamanho do país. Há investigações em curso em alguns países. Pois é muito difícil que o método de fazer negócios azeitados na base da propina, como comprovado no Brasil pela Lava-Jato, não tenha sido adotado no exterior. Claro que em Cuba, por exemplo, nada será sabido.
A reportagem do GDA esboça o método de operação deste braço externo a serviço do projeto de poder lulopetista: Lula usava o peso e o prestígio na região — também na África — para facilitar negócios das empreiteiras, tendo o BNDES na retaguarda. Estratégia infalível. Lula alega ter agido como qualquer presidente da República na promoção de negócios que favorecem seu país. Mas persistem zonas de sombras sobre o relacionamento pessoal do ex-presidente e as empresas, assim como sobre todas essas operações.
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