Por Andrea Jubé e Daniel Rittner | Valor Econômico
BRASÍLIA - Em carta endereçada ao presidente Michel Temer, divulgada ontem à noite pelo Palácio do Planalto, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, pediu exoneração do cargo, alegando motivos de saúde. Serra diz que trabalhará pelo governo no Senado. Enquanto Temer não indica o sucessor, a pasta fica sob o comando do secretário-geral, embaixador Marcos Galvão. Serra retomará o exercício do mandato de senador, enquanto José Aníbal retorna à suplência.
Às vésperas do Natal, Serra passou por uma cirurgia na coluna que foi feita no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Na ocasião, ele foi internado com "instabilidade segmentar vertebral e estenose foraminal". Desde a internação, ele só fez uma viagem internacional - para a Alemanha, na semana passada, onde participou de reunião de chanceleres do G-20.
Na carta, Serra diz que deixa o cargo com tristeza, mas observa que os problemas de saúde o impedem de "manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de Chanceler". "Isto sem mencionar as dificuldades para o trabalho do dia a dia", acrescentou Serra, atribuindo aos médicos a informação de que seu restabelecimento levará pelo menos quatro meses.
Interlocutores do ministro demissionário vinham dizendo que ele demonstrava certo abatimento desde a última internação e não conseguia manter o ritmo de trabalho dos primeiros meses à frente do Itamaraty. Serra teria sido citado por delatores da Odebrecht, que denunciaram uma suposta contribuição irregular de R$ 23 milhões para sua campanha presidencial em 2010.
Serra, 74 anos, foi governador (2007-2010) e prefeito de São Paulo (2005-2006) pelo PSDB. Candidato duas vezes ao Palácio do Planalto, perdeu as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva e para Dilma Rousseff, respectivamente em 2002 e em 2010. No ano passado, durante o processo de impeachment de Dilma, foi um dos tucanos mais engajados na defesa da participação do PSDB no governo de Michel Temer.
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