A presença de Edison Lobão no comando da CCJ, seguida pelo projeto, frustrado, de mudança constitucional para que os ocupantes das presidências do Senado e da Câmara só sejam julgados por irregularidades praticadas durante o exercício desses cargos, foram os mais recentes atos explícitos das lideranças peemedebistas no Senado (Renan Calheiros e Romero Jucá, à frente, com o respaldo do ex-presidente da Casa e da República José Sarney) de agressiva contraposição às investigações da Lava-Jato. Atos dos quatro e de mais senadores do partido, que deverão prosseguir à medida que se aproxima a quebra de sigilo, na primeira quinzena de março, de parte importante das delações de executivos da Odebrecht. Fator de forte tensão nos diversos partidos, no conjunto do Congresso e no Palácio do Planalto.
Mas para as quais os quatro – articulados estreitamente com Jader Barbalho, Edison Lobão e Valdir Raupp, também investigados ou já denunciados – procuram respostas desesperadas. Que postas em prática gerariam de pronto crise institucional a partir de conflito com o Judiciário. O pânico deles às vésperas da revelação de tais delações configurando-se na contramão da postura que o presidente Michel Temer já assumiu de respeito à Lava-Jato. Convencido, enfim, de que ela – pelo grande apoio que têm da imprensa e da opinião pública, bem como já também do poder judiciário – é incontrolável e intocável. E de que depende desse respeito a afirmação do seu governo, bem como a viabilidade das reformas para o enfrentamento dramática da crise fiscal, da recessão e do desemprego, e para progressiva retomada de investimentos e do crescimento. Ao presidente Temer cabendo conter ou isolar o radicalismo, desesperado, de Renan e cia.
E às lideranças parlamentares sérias caberá, ou caberia, de um lado empenharem-se pela combinação de tal respeito com a prioridade da pauta reformista assumida pelo Executivo de transição. E, de outro, o desafio de uma segunda combinação: a de utilizar os importantes dividendos anticorrupção das investigações da Lava-Jato, e paralelas, como ingredientes de peso de uma reforma política. Que purifique e fortaleça os partidos representativos da nossa pluralidade democrática – peças-chave do relevante papel do Poder Legislativo. Sem abrir espaço para “salvadores da pátria”, com retóricas esquerdista ou direitista.
*Jarbas de Holanda é jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário