Por Cristian Klein | Valor Econômico
RIO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a escolha do candidato do PSDB à Presidência da República em 2018 “pode ser por prévia, pode não ser”. Numa sessão de perguntas depois de palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), FHC afirmou que a decisão recairá sobre o nome que for favorito.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, João Doria, são os concorrentes pela indicação do partido. Alckmin defende prévias no fim do ano, como forma de garantir a candidatura antes que Doria cresça nas pesquisas e se consolide.
FHC afirmou que o partido tende a levar isso em consideração. “O desempenho na campanha é fundamental. Os partidos vão procurar instintivamente quem tem mais chance de ganhar. É cedo ainda, mas tem dois com mais chances. Queira eu ou não queira eu, é preciso ver o que a sociedade pensa. Isso vai se refletir no partido”, disse.
O ex-presidente lembrou que, na eleição para a Prefeitura de São Paulo, apoiava o pré-candidato Andrea Matarazzo quando foi procurado por João Doria, que lhe pediu apoio. FHC disse que sua palavra não ia “adiantar nada”, que podia ter peso no partido, mas que Doria “tinha que se haver com os cinco milhões de eleitores”. “Não acreditava que ele seria capaz, e foi. Deu um show”, afirmou.
Fernando Henrique, no entanto, disse que “é muito difícil para um paulista ser nacional”. “São Paulo tem sua especificidade, o Brasil é complicado. O candidato tem que falar para o Brasil, não só para a sua turma, por maior que São Paulo seja grande. Quem conseguir isso terá o meu apoio.”
O tucano ponderou, contudo, que a força renovadora que o Brasil precisa talvez não venha do PSDB. “Sou bastante aberto sociologica e até politicamente para isso. É preciso uma pessoa que tenha liderança, que seja expressão da modernidade e seja ético. O Brizola dizia que Lula era a UDN de macacão. Antes fosse”, disse.
Sistema
FHC criticou a reforma política em tramitação no Congresso. Disse que ela está "malparada" e propôs a volta das doações de empresas - proibidas pelo Supremo Tribunal Federal em 2015 - sob a condição de que sejam destinadas à Justiça eleitoral.
O tucano defendeu uma reforma incremental e progressiva, que mudasse o sistema eleitoral começando pelos municípios, sem alterar as regras para deputado. "Meu partido, o PSDB, é favorável ao voto distrital misto. Acho que devemos começar pelos vereadores, para aprender, ir pouco a pouco, porque no Brasil a gente sempre acha que vai salvar tudo. Não é assim. Introduz o voto distrital para vereador, se der certo, dá outro passo", afirmou.
Para as eleições para deputado federal e estadual, FHC disse que poderia se manter o atual sistema proporcional de lista aberta. "Nosso sistema está muito deformado, mas o distritão é uma deformação maior ainda", afirmou. Pelo distritão, cuja proposta de emenda constitucional deve ir ao plenário da Câmara na semana que vem, vencem os candidatos mais votados, independentemente do desempenho do partido ou coligação.
O ex-presidente também criticou outro ponto-chave da reforma: a criação de um fundo público eleitoral, cuja previsão é que atinja R$ 3,6 bilhões. "Tínhamos que voltar ao bom senso. Baixar o custo das campanhas. Esse é o ponto inicial. Número 2: não vejo porque proibir a doação privada, desde que seja só para um partido, não para todos. Segundo: doa ao Tribunal Eleitoral, que abre uma conta, e o partido vai lá e leva a conta, para evitar corrupção", disse, depois de palestra em almoço promovido pela ACRJ.
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