Por Maria Cristina Fernandes | Valor Econômico
SÃO PAULO - Aprovado na comissão especial na semana passada e prestes a ser votado no plenário da Câmara dos Deputados, o distritão não teria um único voto se o escrutínio tivesse como eleitores os cientistas políticos brasileiros. Noventa e quatro deles foram consultados, por rede social, em todo o Brasil, pelo professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Jairo Pimentel. O distritão, sistema que considera todo o Estado com circunscrição e elege os mais votados, independentemente de sua filiação partidária, não recebeu um único voto.
A enquete trouxe o sistema proporcional de lista fechada como o mais votado. Neste sistema, o eleitor escolhe a partir de uma lista preordenada pelo partido. Em segundo lugar veio o atual, de lista aberta, seguido de perto pelo distrital misto, em que uma parte da Câmara é preenchida pelo voto majoritário e outra, pelo proporcional. O distrital puro, que a enquete chamou de majoritário distrital, veio em quarto lugar.
Pimentel atribui o desprestígio do distritão ao alto custo do sistema e à sua baixa representatividade. Diz que, se este sistema prevalecer haverá, nas próximas eleições, uma proliferação de pequenos partidos que lançarão celebridades na política.
Por outro lado, atribui a preferência acadêmica pela lista fechada à ideia de que o sistema ajudaria a fortalecer os partidos. A enquete sugere que os cientistas políticos não consideram os atuais recursos à disposição dos partidos (tempo eleitoral gratuito de propaganda na TV e fundo público) instrumentos de fortalecimento das cúpulas partidárias. Ou, se o fazem, ainda idealizam o partido como instrumento de formatação de plataformas eleitorais em detrimento de campanhas personalistas.
O atual sistema de lista aberta, o segundo mais votado pelos cientistas políticos, teria perdido força, segundo Pimentel, pelo título, atribuído ao Brasil, de país com representação parlamentar mais fragmentada do mundo.
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