Protestos contra e a favor do ex-presidente estão marcados para hoje, aumentando a pressão sobre os ministros do STF
Na antevéspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente do STF, Cármen Lúcia, pediu ontem “serenidade para romper o quadro de violência”. O apelo da ministra ocorre em um momento de forte pressão sobre a Corte, inclusive de setores militares e das ruas. Há protestos marcados para ocorrer hoje em todo o País, de grupos contrários a Lula e também favoráveis ao ex-presidente.
Ontem, o general do Exército da reserva Luiz Gonzaga Schroeder Lessa afirmou ao Estado que, se o STF deixar Lula fora da prisão, estará agindo como “indutor” da violência entre os brasileiros, “propagando a luta fratricida, em vez de amenizá-la”. O Exército informou que a opinião de Lessa é pessoal. Outros militares da reserva também têm se manifestado sobre o tema. Na semana passada, o ministro Edson Fachin relatou ameaça a seus familiares. Em seu pronunciamento ontem, feito pela TV Justiça, Cármen Lúcia disse que o Brasil vive tempos de “intolerância” e “intransigência”.
Sob pressão, Cármen pede ‘serenidade’
Amanda Pupo Rafael Moraes Moura / O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA - Às vésperas do julgamento do habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, pediu ontem “serenidade para romper o quadro de violência”. Em pronunciamento oficial feito pela TV Justiça, ela disse que o Brasil vive tempos de “intolerância” e “intransigência contra pessoas e instituições”. A manifestação marca mais uma reação da ministra frente às pressões que a Corte vem sofrendo para rediscutir a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância.
“Vivemos tempos de intolerância e de intransigência contra pessoas e instituições. Por isso mesmo, este é um tempo em que se há de pedir serenidade. Serenidade para que as diferenças ideológicas não sejam fonte de desordem social. Serenidade para se romper com o quadro de violência. Violência não é justiça. Violência é vingança e incivilidade”, afirmou.
Atípico, o gesto foi uma tentativa de acalmar os ânimos em meio a manifestações em torno do julgamento de amanhã, conforme apurou o Estado. O ato também foi visto como uma forma de tentar contrapor a repercussão negativa do adiamento do julgamento, interrompido no dia 22 por compromissos de ministros e do feriado de Páscoa. Naquele dia, o STF concedeu liminar que afasta a possibilidade de o petista, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ser preso até que o plenário finalize a análise do habeas corpus.
Ministros da Corte têm enfrentado episódios de constrangimento e relatado ameaças. Em janeiro, Gilmar Mendes foi hostilizado em Lisboa. O relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, teve sua segurança reforçada depois de dizer que sua família sofre ameaças.
O pronunciamento da presidente do Supremo vem também depois das hostilidades à caravana de Lula em passagem pelo Sul do País e de manifestações de militares da reserva cobrando uma posição da Corte em relação ao petista. Para o general de exército da reserva
Luiz Gonzaga Lessa, uma decisão contrária poderá induzir violência entre brasileiros.
Ontem pela manhã, Cármen se reuniu com o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, para tratar da segurança do julgamento de Lula. O encontrou durou cerca de 30 minutos e ocorreu no gabinete da presidência do STF. No pronunciamento, Cármen fez um apelo por manifestações pacíficas. “A liberdade democrática há de ser exercida sempre com respeito ao outro”, disse a ministra.
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