Cristian Klein | Valor Econômico
RIO - Às vésperas do julgamento do seu pedido de habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou sua luta para escapar da prisão à pena de morte de Tiradentes, decretada pelo Império, e o momento atual à campanha das Diretas Já pela redemocratização no início dos anos 1980.
Num Circo Voador lotado, com quase 3 mil pessoas dentro e fora da casa de shows, Lula foi o centro de um encontro suprapartidário - chamado de ato em defesa da democracia e contra o fascismo - que reuniu representantes de PT, Psol, PDT, PSB, PDT, PCO e movimentos sociais em apoio a ele e em memória da vereadora Marielle Franco, do Psol, executada há três semanas no Rio.
Lula disse que o problema dos que praticam a violência é que pensam que "matando a carne", matam as ideias, o que não acontecerá com Marielle e não aconteceu com Tiradentes, lembrando que 30 anos depois do enforcamento do inconfidente mineiro, o Brasil tornou-se independente. Em seguida, usou seu próprio exemplo. "O problema deles não sou eu, são vocês, que não querem ser tratados como gado, não querem ser coadjuvantes. Eles não vão prender meus sonhos. Se não me deixarem andar, andarei com as pernas de vocês. Se eu não puder falar, falarei pela boca de vocês. Se meu coração parar de bater, baterá pelo coração de vocês", disse.
Lula afirmou que a defesa da democracia é contínua e que não pode esmorecer diante de obstáculos e derrotas, como a Diretas Já. "Não importa perder a luta, o que importa é não perder à disposição", disse.
O ato contou com a presença de vários políticos e artistas como o compositor Chico Buarque de Holanda, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que conclamou militantes do partido e da esquerda a comparecerem à vigília, amanhã, em Brasília, no STF.
"Qual é a prova contra Lula, que crime ele cometeu? Na quarta-feira, faremos uma grande vigília para que o guardião da Constituição, o Supremo, realmente a defenda", disse. Num aceno aos outros partidos, conclamou a união da esquerda. "O que nos une é maior do que o que nos separa. Vamos deixar de lado nossas diferenças, lutar pela nossa democracia e nossa Constituição", afirmou.
Entre os presentes estavam os deputados Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Jean Wyllys (Psol-RJ), Chico D'Angelo (PDT-RJ), Alessandro Molon (PSB-RJ), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado estadual e ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PSB-RJ), o deputado estadual Marcelo Freixo. A pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, Manoela D'Ávila, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o ex-ministro da Defesa, Celso Amorim, também estiveram no movimento suprapartidário.
É o segundo ato desse tipo desde o ataque a tiros à caravana de Lula pela região Sul, na semana passada. O primeiro comício foi em Curitiba e também contou com o pré-candidato a presidente pelo Psol, Guilherme Boulos.
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