Por Ricardo Mendonça | Valor Econômico
SÃO PAULO - Pré-candidato a presidente da República pelo DEM, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), disse ontem em São Paulo que atualmente nenhum dos concorrentes classificados como "de centro" tem condição de reivindicar apoio de rivais.
No conjunto de partidos que apoiam o governo Michel Temer, que também aventa a possibilidade de disputar, cresce a ideia de reunir as siglas em torno de um único postulante. Nesse universo, o mais bem posicionado nas pesquisas é o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), que beira 10%.
Dono de 1% das intenções de voto na pesquisa Datafolha divulgada no último fim de semana, Rodrigo Maia afirmou que está satisfeito com sua candidatura. Informou que o DEM já organizou estruturas de campanha para redes sociais e pesquisas próprias e resumiu seu desempenho da seguinte forma: "Minha situação é igual a de todo mundo: todo mundo tem chance e ninguém tem chance no Brasil".
Na opinião do parlamentar, as chances reais de cada postulante à Presidência só serão conhecidas a partir do dia 10 de setembro. Segundo ele, o eleitorado ainda não está "antenado" com a política e tende a tomar decisões mais adiante. Dessa forma, argumentou, as alianças para a disputa presidencial não podem ser feitas com base nas pesquisas atuais.
Antes de falar sobre a impossibilidade de reivindicação de alianças na atual fase, Maia afirmou que discorda dos critérios que têm sido usados na imprensa para classificar quem é de centro.
"Não acredito que o centro é o ambiente onde só está a centro-direita", afirmou. Para ele, alguns nomes de esquerda também deveriam ser enquadrados nessa categoria. Na sua concepção, são "de centro" os políticos que aceitam negociar questões importantes para o país com representantes de outros partidos. Como exemplo, citou o ex-ministro Aldo Rebelo, que saiu do PSB e lançou candidatura à Presidência pelo Solidariedade.
As declarações do deputado foram dadas em entrevista coletiva após um encontro com investidores, fechado para a imprensa, organizado pelo banco Santander.
Na conversa com os repórteres, Maia foi provocado a falar sobre a recém-anunciada desistência de ACM Neto de disputar o governo da Bahia. Neto exerce segundo mandato na Prefeitura de Salvador e sua candidatura era tida como principal palanque estadual de Maia no país. Segundo o presidente da Câmara, porém, o recuo de seu colega de partido gera impacto positivo sobre sua candidatura.
"Na minha campanha impacta positivamente", disse. "Nós perdemos um candidato, ganhamos outro, que é o Zé Ronaldo [ex-prefeito de Feira de Santana], que terá 30% a 40% dos votos, e ganhamos um coordenador de campanha [para atuar] junto com o líder da bancada, o [deputado] Rodrigo Garcia."
Maia completou o raciocínio dizendo que "a sociedade de Salvador" também deverá ver a decisão de ACM Neto "com bons olhos", já que ele não renunciou ao cargo de prefeito.
Segundo o presidente da Câmara, Neto agora terá mais tempo para se dedicar à sua campanha à Presidência da República.
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