Por Sergio Tauhata | Valor Econômico
SÃO PAULO - - A greve dos caminhoneiros expôs fragilidades e problemas estruturais do país, avaliou Persio Arida, coordenador do programa econômico do pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) e um dos idealizadores do Plano Real. O economista, que participou de evento na Casa do Saber, em São Paulo, explicou que o país vive hoje "um momento de desalento e de descrença nas instituições, [no qual as pessoas pensam] nossos partidos não nos representam, o Congresso não nos representa e o Judiciário não funciona".
Segundo Arida, existe uma frustração com a retomada da atividade. "O cenário de recuperação econômica, que se achava vigorosa, cada dia que passa perde ímpeto e agora todas as previsões estão abaixo de 2% ao ano."
Para o coordenador de campanha de Alckmin, "bastou uma pequena virada de vento no exterior, com a subida dos preços do petróleo, para mostrar nossa fragilidade". O economista listou uma série de exemplos de como o mau planejamento ficou explícito no episódio: uso excessivo de rodovias em lugar de ferrovias, distorções causadas pelo sistema tributário, fábricas em Manaus que têm incetivo tributário, mas a mercadoria vai a Porto Alegre.
Conforme Arida, os governos petistas, com políticas intervencionistas, criaram "uma sobra de caminhões, agravada pelo subsídio do BNDES para produzir caminhões".
O economista apontou ainda a falta de competição no sistema de refino de óleo no Brasil. "A Petrobras que é monopolista na prática simplesmente repassa o preço, tem de ter um sistema mínimo de competição e só aí apareceram vários defeitos de infraestrutura", afirmou.
O economista do PSDB também criticou a estratégia de preços implementada pela Petrobras. "A regra diária de reajuste de preços de combustíveis foi uma regra mal pensada." Segundo Arida, se houvesse uma previsibilidade, pelo menos, semanal já ajudaria o setor de transporte a se planejar.
Arida também não poupou a reação do governo Michel Temer à crise do transporte. "O governo deixou que a greve bloqueasse as estradas, o Brasil se tornou complacente, bloqueia-se o direito de ir e vir e fica por isso mesmo", disse.
De acordo com o economista, "a decisão de subsidiar o preço do diesel é espantosa, porque então não subsidiar o preço do GLP, que subiu igual e muito mais gente depende dele?" Arida acrescentou ainda que "não bastasse essa confusão o governo tabelou o preço do frete e agora quer impor na marra que a queda do preço anunciada".
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