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A hora da verdade para o filho do presidente
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) não devia temer a quebra do seu sigilo bancário e fiscal bem como o da sua família autorizado pela justiça. Muito menos deveria acusar o Ministério Público do Rio de persegui-lo com a intenção de atingir por tabela o presidente Jair Bolsonaro. Não faz sentido.
Como inocente que é e não se cansa de declarar, tanto melhor que seja assim porque logo se livrará das suspeitas que o atormentam desde a descoberta dos rolos de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio e amigo da estreita confiança do seu pai há 40 anos.
Se foi Queiroz de fato o único responsável por eventuais mal feitos que lhe renderam uma fortuna considerável e desproporcional aos seus ganhos como servidor público, que ele pague pelo que fez. Ficará provado então que Queiroz traiu a confiança de Flávio e do seu pai que o indicou para o cargo.
A essa altura, se nada existe que possa macular a folha corrida de Flávio, ele deveria comemorar na companhia de amigos a devassa nas suas contas. Pois quanto mais ampla, rigorosa e transparente ela for, mais convincentes serão seus resultados. A não ser que Flávio… Não, nem pensar!
A quebra do sigilo foi concedida no último dia 24. Certamente por isso, informado prontamente a respeito, Bolsonaro chamou o filho e o avisou falando grosso: se os rolos do Queiroz pesarem para o seu lado não conte comigo. Arranje-se sozinho. Minha proteção como presidente não terá.
Daí o nervosismo do senador conferido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em um encontro por aqueles dias. Flávio estava uma pilha de nervos, embora tentasse dissimular. Compreensível: para qualquer pessoa, mesmo que inocente, ser investigada é uma aporrinhação.
No último domingo, quando Bolsonaro aproveitou uma entrevista à Rádio Bandeirante para defender Flávio, ele e o filho sabiam que estava para vazar a notícia da quebra do sigilo. No mesmo dia, Flávio defendeu-se em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Voltou a criticar o Ministério Público.
Confrontar a justiça em casos assim não é a maneira mais inteligente de proceder. Esse foi o maior erro cometido por Lula desde que seus rolos foram denunciados. Se tivesse, por exemplo, legalizado a posse do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, Lula talvez não tivesse sido condenado.
Flávio parece estar indo pelo mesmo caminho de Lula. Antes da quebra do seu sigilo, por duas vezes tentou barrar a investigação do Ministério Público com recursos que impetrou no Supremo Tribunal Federal. Alegou que tinha foro privilegiado porque se elegera senador. Perdeu.
Agora, tenta esconder-se à sombra do pai ao afirmar que o verdadeiro alvo da justiça é o presidente, não o seu filho. É uma jogada primária que não costuma funcionar. Além de falta de imaginação, ela revela fraqueza, embute um pedido de socorro à instância invocada e acarreta descrédito.
Embora tenha dito ao filho que não o protegerá, Bolsonaro poderá acabar caindo na armadilha montada por Flávio. Ele costuma dizer que filho é filho, coisa de sangue, e que jamais conseguirão separá-los deles. Com tal comportamento, arrisca-se a afundar seu governo.
Credibilidade ladeira a baixo
E o tsunami?
O que aconteceria nos Estados Unidos se o presidente Donald Trump, mesmo ele dado a gestos intempestivos, anunciasse de repente que está por vir um tsunami, sem esclarecer do que se tratava?
Ou se algo parecido fosse anunciado por Emmanuel Macron na França, ou por Thereza May na Inglaterra, ou por Angela Merkel na Alemanha, ou mesmo por Maurício Macri na Argentina? O que aconteceria nesses países?
Aqui, o presidente Jair Bolsonaro anunciou na semana passada que haverá um tsunami em breve. E aí… Aí nada aconteceu. A Bolsa de Valores não subiu nem caiu, não houve corrida aos supermercados, nada, nada.
Ou Bolsonaro deixou de ser levado a sério pelos brasileiros ou ninguém aqui leva nada a sério. Faça sua escolha.
O que Gleisi diz não se escreve
Insanidade em alta
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que “completados três anos do golpe contra ex-presidenta Dilma Rousseff, o Brasil se vê diante de uma crise financeira e econômica grave e um horizonte devastador para o futuro do país”.
Faltou dizer que a crise deu seus primeiros sinais no final do segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e instalou-se de vez durante os dois governos de Dilma, escolhida por ele porque seria “uma grande gestora”. Quanto ao “golpe”…
Chega de dar trela a Gleisi.
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