Madeira
extraída ilegalmente no Brasil fica por aqui mesmo
Junto com a madeira do Brasil contrabandeada, o presidente Jair Bolsonaro quer exportar para países europeus a culpa pelo desmatamento da Amazônia.
Países
não compram madeira – são pessoas que compram. Como compram também pedras
preciosas, ouro, cocaína e tudo o mais que possa ser revendido com bom lucro.
O
crime organizado, aqui, alimenta-se de armas compradas no mercado
internacional. Aos governos, transações ilegais não interessam porque são
isentas de impostos, e eles a combatem.
Ex-garimpeiro
malsucedido, terrorista frustrado que acabou afastado do Exército ao
descobrir-se que planejara detonar bombas em quartéis, Bolsonaro sempre teve um
pé na ilegalidade.
Empregou
funcionários fantasmas em seu gabinete de deputado federal. Destacou um amigo
parceiro de milicianos (Queiroz) para cuidar do seu filho mais velho na
Assembleia Legislativa do Rio.
Incentivou-o,
e também ao filho vereador, a prestigiar notórios milicianos, vários deles
acusados de assassinato, com discursos e honrarias concedidas pelo poder
público.
Isso
não o impediu de conquistar o apoio dos generais para barrar a eventual volta
do PT ao Palácio do Planalto. E ali permanece a exercer o poder para muito além
do limite da irresponsabilidade.
Quando
seus atos ou a sua omissão o tornam alvo de críticas, culpa os outros. A
degradação da Amazônia cresceu nos seus primeiros dois anos de governo, mas ele
nada tem a ver com isso, diz.
Como
não tem? A máquina de fiscalização do Ibama foi desmantelada. Em fevereiro
último, o instituto dispensou-se de ter que autorizar a exportação de madeira
nativa brasileira.
Bolsonaro
se opôs à destruição de equipamentos usados para pôr florestas abaixo. Tomou
partido, portanto, dos que desmatam ao arrepio das leis. No mínimo, é cúmplice
de crime.
Menos
de 15% da madeira contrabandeada tem como destino outros países. O resto é para
consumo interno. O transporte é feito a céu aberto. Se a fiscalização falha, se
o governo faz vista grossa…
Uma
operação da Polícia Federal, em dezembro de 2017, à época do governo Michel
Temer, apreendeu 120 contêineres com 2.400 m³ de madeira extraída ilegalmente.
Ela
seria vendida com base em certificados falsos expedidos pelo Ibama para
empresas importadoras na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Holanda,
Portugal e Reino Unido.
A
notícia é velha. Mas foi requentada, ontem, por Bolsonaro ao participar da
cúpula virtual dos Brics (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul).
Bolsonaro
prometeu revelar o nome das empresas importadoras. Fará isso com as americanas?
Os governos desses países ficarão gratos pela informação que já lhes deveria
ter sido repassada.
É mais uma bravata de um presidente acuado. Se for dada publicidade ao nome das empresas, elas poderão processar o governo brasileiro sob a alegação de que foram enganadas. E aí?
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