O Globo
Foi uma visita surpresa, totalmente
inesperada, já que aqui em casa nos cercamos de todas as precauções para manter
a Ômicrom à distância, obedecendo rigorosamente aos protocolos sanitários. Além
do mais, nossa conselheira é a Nossa Senhora Margareth Dalcolmo.
Mas é possível, quem sabe, que no único
jantar fora de casa o vírus tenha se escondido e atacado de uma só vez a mim e
à minha mulher, já que fomos infectados juntos. Decidimos, claro, seguir à
risca as recomendações médicas para a nova fase: máscara, isolamento,
higienização das mãos etc. Valeu a pena. Agora, no momento em que escrevo, já
estamos livres, soltos e sãos, aliviados, mas não digo que foi fácil.
Aliás, não sei o que foi mais difícil — suportar o confinamento coletivo imposto pela pandemia no começo ou o isolamento a que nós fomos submetidos recentemente. A vantagem é que agora, graças à vacinação, tivemos sintomas leves, apesar da idade — 90 anos, eu, e 84 anos, minha mulher.
Imunização essa que vem sendo sabotada
desde o início pelo presidente. Tanto que a CPI da Covid, instalada no Senado,
apontou em seu relatório final que Bolsonaro era um dos principais responsáveis
pela maior tragédia sanitária da História do país, que já havia causado então
mais de 600 mil mortes. A Comissão Parlamentar de Inquérito, composta de 11
senadores, entre oposicionistas, governistas e independentes, o acusou de nove
crimes, entre os quais os de prevaricação, charlatanismo e contra a humanidade.
Além de tudo isso, Bolsonaro foi capaz de
formar quatro ministérios da Saúde, cada um pior do que o outro, em plena
gestão da pandemia. O último é ocupado por Marcelo Queiroga, que também foi
incluído no relatório final da CPI, a exemplo de seu antecessor, Eduardo
Pazuello. Queiroga vem sendo chamado de “Queirodes” em “homenagem” ao tirano
Herodes, personagem famoso por mandar assassinar crianças.
Se fosse pouco, surge agora um funcionário
com o cargo pomposo de secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos, do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, que desqualificou a
diretriz da Comissão de Incorporação de Tecnologia no Sistema Único de Saúde
(Conitec) contraindicando o kit Covid. Em nota técnica, ele afirma que vacinas
contra a Covid-19 não têm nem a efetividade nem a segurança demonstradas. Mas
que a hidroxicloroquina tem.
Mas minha grande frustração foi, mais uma
vez, o adiamento do calendário de imunização das crianças, por atraso no envio
das vacinas. Hoje seria o dia de meu neto Eric, de 9 anos, tomar a tão esperada
dose que lhe está programada. Ele é o único da família que falta ser vacinado,
já que sua irmã, Alice, que tomou as duas, fez questão de receber sua primeira
dose no dia em que completou 12 anos, para orgulho dos pais e dos avós.
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