Folha de S. Paulo
Cláudio Castro promete o que não pode e
gasta o que não tem
Enquanto na semana passada o governador
Cláudio Castro encenava um blockbuster —1.300
policiais, helicópteros e blindados em ação nas comunidades do
Jacarezinho e Muzema— para inaugurar o programa Cidade Integrada, o repórter
Matheus Rocha revelava como moradores de outras duas favelas, Salgueiro e
Vidigal, têm de se virar, sozinhos, para receber
uma simples carta.
Como os Correios só fazem entregas a partir de regras internas de segurança, as lideranças comunitárias organizaram um serviço alternativo, empregando os próprios moradores. O favelado se sente cidadão se pode receber e pagar uma conta em dia. Cláudio Castro sabe disso, e pouco se importa. O que ele quer é ganhar a reeleição, e, para conseguir o objetivo, nada melhor que prometer acabar com a violência. Um expediente mais velho que Cabral, não o ex-governador das UPPs, mas o navegador português.
Político inexperiente que recebeu o cargo
de bandeja com o impeachment de Wilson Witzel —aquele que se elegeu dizendo que
mandaria atirar na cabecinha—, Castro está em plena campanha. Outro dia exibiu
seus dotes de cantor de sacristia para uma multidão de evangélicos, a maioria
sem máscara, no Parque Olímpico. "É muito bom ser amigo de Deus",
escreveu ele no Twitter. Poderia ter completado: "E da ômicron
também".
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