Maia descarta apoio a Rodrigo Neves, e aliança com Freixo será decidida pela Executiva da federação
Por Gabriel Sabóia / O Globo
RIO
DE JANEIRO - O impasse entre PSDB e Cidadania pelo apoio que a federação
formada pelos dois partidos dará ao governo do Rio será decidido em Brasília.
Em reunião na manhã desta sexta, o deputado Rodrigo Maia (PSDB), que conduz o
lado tucano da negociação, reafirmou a vontade de ver seu pai, o ex-prefeito
Cesar Maia (PSDB), como vice de Marcelo Freixo (PSB). No encontro, estavam
presentes lideranças do Cidadania, além dos pedetistas Rodrigo Neves, que
é pré-candidato ao governo, e o Carlos Lupi, presidente da legenda. Os dois
pediram o apoio da família Maia, que segue irredutível em seguir contra a chapa
que é apoiada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD).
Um acordo entre os dois partidos, portanto,
está distante, enquanto o prazo para uma resolução pacífica se aproxima do fim:
a federação precisa ter uma decisão até o próximo dia 4, quando será realizada
a convenção dos dois partidos. Em âmbito nacional, PSDB e Cidadania formaram
uma federação, o que os deixa obrigados pela legislação eleitoral a integrarem
as mesmas chapas nas disputas estaduais. Se não houver consenso entre os
partidos, a questão sobe para a executiva nacional da federação, formada por um
colegiado de 18 nomes com maioria tucana. Ao GLOBO, Maia não esconde o mal-estar.
— O Cidadania continua defendendo a candidatura de Rodrigo Neves e o PSDB quer a indicação de Cesar Maia na chapa de Freixo. Se não tiver acordo, a decisão será da executiva nacional da federação.
Principal liderança do partido no Rio,
Comte Bittencourt, que é próximo de Paes, de quem foi candidato a
vice-governador em 2018, diz que ainda busca uma saída pacífica. Nos
bastidores, no entanto, fala-se que o PSD de Paes e o PDT tentam impedir os
planos de Maia seguir com Freixo. Lideranças do Cidadania ainda tratam o tema
com cuidado, já que o insucesso da aliança entre Neves e Felipe Santa Cruz nas
pesquisas de intenção de votos pode significar o desembarque da empreitada
encabeçada pelos pedetistas.
A aproximação com a família Maia é
bem-vista pela equipe de Freixo, que busca ampliar para o centro o alcance da
candidatura, e vê em Cesar um administrador tarimbado, capaz de quebrar a
resistência de parte do eleitorado à inexperiência do pessebista no Executivo.
Caso se concretize, a aliança replicaria o
conceito da dobradinha feita na campanha ao Palácio do Planalto pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice em sua chapa, o
ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), e permitiria que o mote
publicitário girasse em torno da “união de forças contra o bolsonarismo”,
representado no Rio pela candidatura do governador Cláudio Castro.
Por ter sido alvo frequente do presidente
Jair Bolsonaro enquanto ocupou a presidência da Câmara, interessaria a Rodrigo
Maia o papel de oposição aos ideais do titular do Palácio do Planalto no estado
da família.
No último Datafolha, divulgado no dia 1º
deste mês, Freixo e Castro seguiam tecnicamente empatados na liderança da
disputa pelo Palácio Guanabara. Freixo aparece com 22% no cenário com Anthony
Garotinho (União), enquanto Castro tem 21%. Sem o ex-governador, as posições se
invertem: Castro tem 23% e Freixo, 22%. Neves oscila entre 6% e 7%, dependendo
do cenário. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para
menos.
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