BRASÍLIA - Ao ler a longa carta do presidente do Senado, José Sarney, publicada ontem pela Folha, lembrei-me de uma frase repetida à náusea nos corredores do Congresso: em política, tudo o que precisa ser explicado não é bom.
Sarney está se explicando há meses. Quanto mais fala, mais se complica. Num discurso na tribuna, produziu uma frase de efeito, porém inócua: "A crise do Senado não é minha, a crise é do Senado".
As justificativas de Sarney sempre pretendem demonstrar uma suposta legalidade para seus atos.
Mas a argumentação resulta manca, fica pela metade, mesmo para os episódios mais prosaicos.
Tome-se o caso do auxílio-moradia. Sarney recebeu o benefício mesmo tendo residência própria em Brasília. Em sua carta à Folha, repetiu uma argumentação conhecida: "Trata-se de vantagem concedida nas normas da Casa aos senadores, e só a recebi por oito meses, sem solicitá-la". Ato contínuo, cabe então uma pergunta inexorável: já devolveu o dinheiro?
A história do auxílio-moradia tem baixa octanagem no tabuleiro dos escândalos, mas é simbólica pela sua simplicidade. Alguém recebe dinheiro por oito meses (cerca de R$ 3.000 por mês). Diz não perceber. O caso fica público. Sarney foi indagado pela Folha à época se devolveria o dinheiro. Respondeu com uma digressão -assessores analisavam o assunto.
Ontem, finalmente soube-se que o dinheiro será pago. Mas não de uma vez. Será descontado em prestações mensais do contracheque de Sarney. Pode ser tarde.
A profecia do presidente do Senado provou-se errada, pois a crise é hoje mais sua do que de nenhum outro político. Talvez por conta do seu passado, Sarney transformou-se numa espécie de "teflon ao contrário". Nele, tudo cola.
Sarney está se explicando há meses. Quanto mais fala, mais se complica. Num discurso na tribuna, produziu uma frase de efeito, porém inócua: "A crise do Senado não é minha, a crise é do Senado".
As justificativas de Sarney sempre pretendem demonstrar uma suposta legalidade para seus atos.
Mas a argumentação resulta manca, fica pela metade, mesmo para os episódios mais prosaicos.
Tome-se o caso do auxílio-moradia. Sarney recebeu o benefício mesmo tendo residência própria em Brasília. Em sua carta à Folha, repetiu uma argumentação conhecida: "Trata-se de vantagem concedida nas normas da Casa aos senadores, e só a recebi por oito meses, sem solicitá-la". Ato contínuo, cabe então uma pergunta inexorável: já devolveu o dinheiro?
A história do auxílio-moradia tem baixa octanagem no tabuleiro dos escândalos, mas é simbólica pela sua simplicidade. Alguém recebe dinheiro por oito meses (cerca de R$ 3.000 por mês). Diz não perceber. O caso fica público. Sarney foi indagado pela Folha à época se devolveria o dinheiro. Respondeu com uma digressão -assessores analisavam o assunto.
Ontem, finalmente soube-se que o dinheiro será pago. Mas não de uma vez. Será descontado em prestações mensais do contracheque de Sarney. Pode ser tarde.
A profecia do presidente do Senado provou-se errada, pois a crise é hoje mais sua do que de nenhum outro político. Talvez por conta do seu passado, Sarney transformou-se numa espécie de "teflon ao contrário". Nele, tudo cola.
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