Por: Valéria de Oliveira
“Me dá vergonha ter um presidente que mente para a nação”, disse Roberto Freire, presidente nacional do PPS, ao se referir à confissão de Lula - feita ao Supremo Tribunal Federal - de que tinha conhecimento do mensalão do PT. Na época do escândalo, ele disse reitaradas vezes, consternado, que "naõ sabia" de nada. Em 2005, quando a existência do mensalão ficou evidente, alguns ministros de Lula repassaram à imprensa a informação de que o presidente havia sido comunicado do caso, informalmente, pelo ex-deputado Roberto Jeffersson (PTB-RJ). Porém, o governo não acionou a Polícia Federal para investigar a denúncia.
Durante os últimos cinco anos, Lula nunca admitiu a existência da "mesada" a parlamentares, preferindo caracterizar o assunto como caixa 2 de campanha. “Temos um presidente mentiroso e isso só poderá ser resolvido pela cidadania, no processo eleitoral; os brasileiros é que devem analisar isso”, afirmou Freire. Pior, disse ele, é que “só podemos concluir que houve conivência de Lula com aquela sujeira toda”.
Em ofício ao STF, referente à ação penal relativa ao mensalão, Lula também reconheceu que pode ter havido um acordo financeiro entre o PT e o antigo PL (hoje PR) na campanha eleitoral de 2002, informa o jornal Correio Braziliense. “Ele enganou a todos, durante cinco anos, sobre um assunto muitíssimo grave; estou indignado, envergonhado por o país ter esse homem na Presidência.
Testemunhas e comparsas
Segundo relato de Lula ao STF, no encontro em que discutiram o mensalão, estavam presentes, além de Jefferson, os ex-ministros Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG), e os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e José Múcio Monteiro (PTB-PE).
O presidente nega, no documento, que conhecia o publicitário Marcos Valério, dono da agência de propaganda que operacionalizava o esquema junto com o Banco Rural. Entretanto, Freire lembra que quando o esquema foi denunciado, Lula deu uma entrevista “absolutamente estranha” em Paris, a uma jornalista desconhecida, e minimizou os fatos, dizendo tratar-se de caixa dois. Valério e Delúbio Soares também gravaram depoimentos para a televisão, “contando essa mesma história mirabolante, e por isso o assunto foi parar na CPI dos Correios”, diz o ex-senador.
O esquema do mensalão desviava dinheiro público para comprar apoio para o governo no Congresso. A verdade apareceu agora, tanto tempo depois, porque o presidente poderia ter de responder por perjúrio se mantivesse a versão fictícia que se montou para os fatos.
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