DEU EM O GLOBO
Para alguns, supostos erros da petista mostram falta de traquejo político e podem gerar problemas na campanha
Leila Suwwan e Ludmilla de Lima
SÃO PAULO e RIO. Inexperiência eleitoral, falta de traquejo político e escolhas erradas de agenda.
Assim especialistas em ciência política e marketing eleitoral analisam as causas dos tropeços da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) nas últimas semanas, quando ela irritou aliados no Rio, em Minas Gerais e no Ceará. Ela também causou polêmica ao dizer que não foge da luta — o que foi interpretado como uma crítica ao exílio do seu adversário tucano, José Serra, na ditadura, o que a petista nega.
— É uma candidata inexperiente, nunca disputou. É natural que cometa erros de “falta de rodagem”. As visitas são um erro do staff de campanha. Se deixou de conversar com aliados, feriu sensibilidades, foi mais falha da equipe. É possível que as pessoas a seu redor estejam mal acostumadas, porque Lula era um candidato muito experiente, capaz até de unir adversários.
Existe uma ansiedade em fazer a candidata ser conhecida, percorrer o país. Mas quem tem pressa come cru — diz Cláudio Couto, professor da Fundação Getulio Vargas em São Paulo.
Além da falta de experiência em campanha, outro erro estaria ligado ao discurso “belicoso”, quando poderia tirar vantagem ao se associar ao continuísmo e à pacificação.
— Fica claro que ela não tem o traquejo de um político. Ela não fez carreira nos palanques e na mídia, foi uma protagonista na parte administrativa. Ela deveria adotar uma conduta apaziguadora, de união e continuidade.
Mas faz ao contrário. Grande parte das declarações dela é bélica.
É incapaz de falar o que o PT vai fazer sem ofender os governos anteriores. Acaba passando uma imagem de rancor — disse Rubens Figueiredo, diretor da Associação Brasileira dos Consultores Políticos.
Falta jogo de cintura, dizem especialistas Cientistas políticos avaliam que a escolha de viagens e agenda potencializou as dificuldades de uma candidata “sem jogo de cintura para situações difíceis”.
— São escolhas de viagens estranhas. Pode ser apenas erro de avaliação, mas na política é muito importante saber medir força. Ela nunca disputou uma eleição. É normal cometer erros estratégicos. Mas tem uma hora em que acaba a política e vira hora de eleição — disse Marcelo Serpa, professor de comunicação eleitoral da UFRJ.
Rubens Figueiredo completa: — Ela já provou que está mal acompanhada. Por que brigar e passar recibo para a oposição? Ela não contemporiza, não absorve os impactos.
O cientista político Fernando Abrucio, da FGV, diz que a pré-candidata precisa aprender a lidar com histórias infladas pela oposição. Para ele, Dilma não chegou, até agora, a produzir grandes problemas para sua pré-campanha: — Ela está aprendendo a fazer campanha antes de a campanha começar. Ela pode errar mais agora, não no segundo semestre.
Mas, se ela será o Kassab do Lula, ninguém sabe ainda — avalia o cientista, lembrando do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que conseguiu se reeleger apesar da inexperiência e mesmo depois de alguns tropeços no cargo, como chamar de “vagabundo” um autônomo que protestava numa unidade de saúde.
O cientista político Eurico Figueiredo, da UFF, segue a mesma linha: para ele, pelo menos por enquanto, Dilma não cometeu grandes erros nem provocou crises. Figueiredo diz que ela ainda não chegou também a demonstrar inexperiência. Mas ele adianta que o fato de Dilma ser estreante nas urnas pode se tornar uma dificuldade: — Ela não é vista como um quadro tradicional do PT. O principal problema não é inexperiência.
Acho que o problema dela é capacidade de comunicação. Especialistas já detectaram uma antipatia muito grande nela.
O cientista político da UFMG Carlos Ranulfo também não vê crise nas situações polêmicas envolvendo a ex-ministra até agora. E acrescenta que deslizes serão naturais na trajetória de Dilma como candidata. A prática do PT com campanhas, por outro lado, deve ajudá-la: — Evidente que haverá um deslize ou outro. Mas ela é pessoa experiente em partido experiente.
Hoje campanha é coisa de profissionais.
Para alguns, supostos erros da petista mostram falta de traquejo político e podem gerar problemas na campanha
Leila Suwwan e Ludmilla de Lima
SÃO PAULO e RIO. Inexperiência eleitoral, falta de traquejo político e escolhas erradas de agenda.
Assim especialistas em ciência política e marketing eleitoral analisam as causas dos tropeços da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) nas últimas semanas, quando ela irritou aliados no Rio, em Minas Gerais e no Ceará. Ela também causou polêmica ao dizer que não foge da luta — o que foi interpretado como uma crítica ao exílio do seu adversário tucano, José Serra, na ditadura, o que a petista nega.
— É uma candidata inexperiente, nunca disputou. É natural que cometa erros de “falta de rodagem”. As visitas são um erro do staff de campanha. Se deixou de conversar com aliados, feriu sensibilidades, foi mais falha da equipe. É possível que as pessoas a seu redor estejam mal acostumadas, porque Lula era um candidato muito experiente, capaz até de unir adversários.
Existe uma ansiedade em fazer a candidata ser conhecida, percorrer o país. Mas quem tem pressa come cru — diz Cláudio Couto, professor da Fundação Getulio Vargas em São Paulo.
Além da falta de experiência em campanha, outro erro estaria ligado ao discurso “belicoso”, quando poderia tirar vantagem ao se associar ao continuísmo e à pacificação.
— Fica claro que ela não tem o traquejo de um político. Ela não fez carreira nos palanques e na mídia, foi uma protagonista na parte administrativa. Ela deveria adotar uma conduta apaziguadora, de união e continuidade.
Mas faz ao contrário. Grande parte das declarações dela é bélica.
É incapaz de falar o que o PT vai fazer sem ofender os governos anteriores. Acaba passando uma imagem de rancor — disse Rubens Figueiredo, diretor da Associação Brasileira dos Consultores Políticos.
Falta jogo de cintura, dizem especialistas Cientistas políticos avaliam que a escolha de viagens e agenda potencializou as dificuldades de uma candidata “sem jogo de cintura para situações difíceis”.
— São escolhas de viagens estranhas. Pode ser apenas erro de avaliação, mas na política é muito importante saber medir força. Ela nunca disputou uma eleição. É normal cometer erros estratégicos. Mas tem uma hora em que acaba a política e vira hora de eleição — disse Marcelo Serpa, professor de comunicação eleitoral da UFRJ.
Rubens Figueiredo completa: — Ela já provou que está mal acompanhada. Por que brigar e passar recibo para a oposição? Ela não contemporiza, não absorve os impactos.
O cientista político Fernando Abrucio, da FGV, diz que a pré-candidata precisa aprender a lidar com histórias infladas pela oposição. Para ele, Dilma não chegou, até agora, a produzir grandes problemas para sua pré-campanha: — Ela está aprendendo a fazer campanha antes de a campanha começar. Ela pode errar mais agora, não no segundo semestre.
Mas, se ela será o Kassab do Lula, ninguém sabe ainda — avalia o cientista, lembrando do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que conseguiu se reeleger apesar da inexperiência e mesmo depois de alguns tropeços no cargo, como chamar de “vagabundo” um autônomo que protestava numa unidade de saúde.
O cientista político Eurico Figueiredo, da UFF, segue a mesma linha: para ele, pelo menos por enquanto, Dilma não cometeu grandes erros nem provocou crises. Figueiredo diz que ela ainda não chegou também a demonstrar inexperiência. Mas ele adianta que o fato de Dilma ser estreante nas urnas pode se tornar uma dificuldade: — Ela não é vista como um quadro tradicional do PT. O principal problema não é inexperiência.
Acho que o problema dela é capacidade de comunicação. Especialistas já detectaram uma antipatia muito grande nela.
O cientista político da UFMG Carlos Ranulfo também não vê crise nas situações polêmicas envolvendo a ex-ministra até agora. E acrescenta que deslizes serão naturais na trajetória de Dilma como candidata. A prática do PT com campanhas, por outro lado, deve ajudá-la: — Evidente que haverá um deslize ou outro. Mas ela é pessoa experiente em partido experiente.
Hoje campanha é coisa de profissionais.
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