DEU NO BRASIL ECONÔMICO
Há um indiscutível consenso no mundo atual a respeito da importância do tema inovação. Seu papel na criação de vantagens competitivas e principalmente na aceleração do crescimento econômico faz com que muitos países hoje em dia tenham políticas de promoção da inovação.
O Brasil não é exceção, e desde o final da década de 1990, ainda no governo FHC, com a criação dos Fundos Setoriais, vem ampliando o apoio às atividades de inovação.
É fato que esse tema vem sendo incorporado cada vez mais à agenda das empresas, instituições de ciência e tecnologia e agências governamentais de fomento.
Mas permanecem muito significativos os desafios que o Brasil precisa vencer nessa matéria. A atividade de P&D, Pesquisa e Desenvolvimento, essencial para produzir inovações, encontra-se muito aquém do nível satisfatório.
O gasto total em P&D no Brasil é de 1,1% do PIB, contra 2,3% do PIB para o conjunto dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
O gasto empresarial em P&D como percentual do PIB, próximo de 0,5%, contrasta ainda mais fortemente com o que se observa nos países desenvolvidos, em que esse número frequentemente está acima dos 2%.
Para enfrentar os desafios acima mencionados e promover o maior engajamento empresarial nas atividades de inovação, ao mesmo tempo em que se assegura uma oferta crescentemente qualificada de recursos humanos e organizações de pesquisa capazes de interagir com as empresas, é fundamental articular melhor a política industrial com a política tecnológica. Algo que inexiste no atual governo.
Ambos os objetivos são importantes. No entanto, implantar novos setores intensivos em tecnologia é tarefa para o longo prazo, ao passo que melhorar o que existe tem um impacto imediato muito maior.
O efeito em termos de crescimento de emprego e renda pela intensificação tecnológica de setores de baixa e média baixa tecnologia é muito maior do que o da criação e consolidação de setores de alta tecnologia.
É necessário entender que a definição de uma política industrial com essas características implica definir prioridades, exige foco e não dispersão dos recursos, algo sempre difícil de fazer em nosso sistema político.
Um caminho natural para estabelecer prioridades é o do aproveitamento de oportunidades evidentes, como se vê no caso do desenvolvimento do setor sucro alcooleiro e sua transformação em um setor produtor de energia com atuação global. Isso tem desdobramentos para várias cadeias produtivas.
Política de inovação não se faz somente com incentivos, ainda que eles sejam um instrumento válido para reafirmar o rumo que se quer imprimir, mas também com medidas que construam o ambiente concorrencial e o marco institucional adequados para o efetivo engajamento e articulação dos atores relevantes do assim chamado Sistema Nacional de Inovação.
O correto enfrentamento dessa questão é o elemento estratégico fundamental que nos possibilitará uma inserção soberana no complexo processo de globalização.
Roberto Freire é presidente do PPS
Há um indiscutível consenso no mundo atual a respeito da importância do tema inovação. Seu papel na criação de vantagens competitivas e principalmente na aceleração do crescimento econômico faz com que muitos países hoje em dia tenham políticas de promoção da inovação.
O Brasil não é exceção, e desde o final da década de 1990, ainda no governo FHC, com a criação dos Fundos Setoriais, vem ampliando o apoio às atividades de inovação.
É fato que esse tema vem sendo incorporado cada vez mais à agenda das empresas, instituições de ciência e tecnologia e agências governamentais de fomento.
Mas permanecem muito significativos os desafios que o Brasil precisa vencer nessa matéria. A atividade de P&D, Pesquisa e Desenvolvimento, essencial para produzir inovações, encontra-se muito aquém do nível satisfatório.
O gasto total em P&D no Brasil é de 1,1% do PIB, contra 2,3% do PIB para o conjunto dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
O gasto empresarial em P&D como percentual do PIB, próximo de 0,5%, contrasta ainda mais fortemente com o que se observa nos países desenvolvidos, em que esse número frequentemente está acima dos 2%.
Para enfrentar os desafios acima mencionados e promover o maior engajamento empresarial nas atividades de inovação, ao mesmo tempo em que se assegura uma oferta crescentemente qualificada de recursos humanos e organizações de pesquisa capazes de interagir com as empresas, é fundamental articular melhor a política industrial com a política tecnológica. Algo que inexiste no atual governo.
Ambos os objetivos são importantes. No entanto, implantar novos setores intensivos em tecnologia é tarefa para o longo prazo, ao passo que melhorar o que existe tem um impacto imediato muito maior.
O efeito em termos de crescimento de emprego e renda pela intensificação tecnológica de setores de baixa e média baixa tecnologia é muito maior do que o da criação e consolidação de setores de alta tecnologia.
É necessário entender que a definição de uma política industrial com essas características implica definir prioridades, exige foco e não dispersão dos recursos, algo sempre difícil de fazer em nosso sistema político.
Um caminho natural para estabelecer prioridades é o do aproveitamento de oportunidades evidentes, como se vê no caso do desenvolvimento do setor sucro alcooleiro e sua transformação em um setor produtor de energia com atuação global. Isso tem desdobramentos para várias cadeias produtivas.
Política de inovação não se faz somente com incentivos, ainda que eles sejam um instrumento válido para reafirmar o rumo que se quer imprimir, mas também com medidas que construam o ambiente concorrencial e o marco institucional adequados para o efetivo engajamento e articulação dos atores relevantes do assim chamado Sistema Nacional de Inovação.
O correto enfrentamento dessa questão é o elemento estratégico fundamental que nos possibilitará uma inserção soberana no complexo processo de globalização.
Roberto Freire é presidente do PPS
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