Petistas montam grupo para analisar o cenário da disputa do ano que vem e identificam problemas em cinco capitais
Denise Rothenburg e Paulo de Tarso Lyra
Os petistas já fizeram as contas e descobriram que o partido será empurrado a apoiar aliados em várias cidades estratégicas na eleição municipal do ano que vem. Em Belo Horizonte, começa a partir de agora uma mobilização em prol da manutenção da aliança com o atual prefeito, Márcio Lacerda (PSB). No Rio de Janeiro, o PT empunhará a bandeira do peemedebista Eduardo Paes. E, em Porto Alegre, as perspectivas para lançar uma candidatura própria com grandes apoios são praticamente nulas. Para completar, em todos os lugares onde há alguma chance de conquistar ou manter terreno há disputa interna, caso de São Paulo e de Recife.
Esse cenário (veja infografia) foi avaliado ontem na primeira reunião dos nove integrantes do PT escalados pelo diretório nacional para acompanhamento das eleições municipais e seus problemas. O partido, entretanto, não está muito preocupado com o fato de precisar abrir mão de lançar candidato em capitais importantes. Afinal, calculam alguns petistas, é melhor manter a aliança onde for possível, conforme o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu em todas as oportunidades e ficar de olho no projeto nacional. "As eleições de 2012 não podem significar a desagregação da nossa base. Onde não houver palanque (único), temos que negociar acordos que não prejudiquem a base", afirma o deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), que integra o grupo.
Nessa largada, o PT trabalha no sentido de evitar que as disputas internas terminem por prejudicar seus palanques e, ao mesmo tempo, reforçar conversas com outros partidos. No caso de São Paulo, a maior cidade do país, os petistas avaliam que existe um clima no sentido de seguir a orientação de Lula em favor da candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad. Ciceroneado por Lula, Haddad conquistou o apoio de sete dos 11 vereadores. Três estão com Jilmar Tatto e um com Carlos Zaratini. Se continuar nesse ritmo, não haverá prévias. "Tatto vai perceber que o processo de prévias é muito desgastante", sinalizou uma liderança petista.
Uma cidade que preocupa é Recife. Lá, o PT tem o prefeito, João da Costa, desgastado e obrigado a conviver com críticas diretas do antecessor, João Paulo Lima e Silva, que integra o grupo de acompanhamento das eleições por parte do diretório nacional. João Paulo fez vários movimentos em busca da vaga de candidato. Diante da divisão do PT, o PSB de Eduardo Campos se prepara para, em último caso, lançar um nome. Não por acaso, transferiu o título do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, para Recife. "Foi uma retaliação dele conosco. Nossa disputa é desigual, se elegermos 20 prefeitos é muito", disse uma liderança do PT na Região Nordeste.
Sinuca partidária
Em Belo Horizonte, também existe uma divisão interna, mas não pelo direito de lançar candidato. E sim por causa das alianças. Na semana passada, o presidente municipal do PT, Roberto Carvalho, que é vice-prefeito, participou de uma reunião em Brasília para tratar da aliança com o PMDB. O presidente estadual, deputado Reginaldo Lopes, defende outro movimento: "Sou favorável à manutenção da aliança com o prefeito Márcio Lacerda. O PT deve se concentrar em 2016, oferecendo o vice na chapa", diz Reginaldo Lopes, preocupado em não deixar o PSB livre para se coligar com o PSDB de Aécio Neves. Na próxima reunião do Diretório Nacional, segundo documento aprovado ontem, serão definidas as regras de convivência com PPS, PSDB e DEM, com os quais o PT não constituirá chapas.
Em Porto Alegre, o PT tem uma sinuca semelhante. O governador Tarso Genro deseja uma coligação com o PCdoB da deputada Manuela D"Ávila. Ocorre que um grupo capitaneado pela esquerda petista deseja seguir com candidatura própria. Além disso, o atual prefeito, José Fortunatti, candidato à reeleição, enviou uma carta ao governador e ao diretório do PT abrindo o diálogo no sentido de atrair os petistas para o seu palanque.
De olho em 2014
Um dos fatores que tem dificultado os acordos para a eleição municipal de 2012 é que todos querem se posicionar de forma a ficar bem para 2014. Em Minas Gerais, por exemplo, as dificuldades residem no fato de dois dos principais partidos da base do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, terem projetos diferentes para a eleição estadual. PT e PSDB serão adversários em 2014 tanto no plano estadual quanto federal. Por isso, parte dos petistas tem dito que só fechará com Lacerda se o
PSDB não estiver na chapa. Além disso, querem a garantia de que Aécio Neves terá participação bem inferior na campanha, pontos que nesta altura do campeonato ninguém pode garantir.
O próprio PSB de Lacerda não dá ao PT a certeza de uma coligação nem estadual, nem presidencial, o que se transforma em mais um ponto que atrapalha os acordos. E as incertezas aumentaram, especialmente, depois da transferência do domicílio eleitoral de Fernando Bezerra Coelho de Petrolina (PE) para Recife. Ninguém tem dúvidas de que essas alianças terminarão por transformar a eleição municipal num salto no escuro para muitos. E falta, em todas essas equações, uma variável fundamental: o eleitor.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
Um dos fatores que tem dificultado os acordos para a eleição municipal de 2012 é que todos querem se posicionar de forma a ficar bem para 2014. Em Minas Gerais, por exemplo, as dificuldades residem no fato de dois dos principais partidos da base do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, terem projetos diferentes para a eleição estadual. PT e PSDB serão adversários em 2014 tanto no plano estadual quanto federal. Por isso, parte dos petistas tem dito que só fechará com Lacerda se o
PSDB não estiver na chapa. Além disso, querem a garantia de que Aécio Neves terá participação bem inferior na campanha, pontos que nesta altura do campeonato ninguém pode garantir.
O próprio PSB de Lacerda não dá ao PT a certeza de uma coligação nem estadual, nem presidencial, o que se transforma em mais um ponto que atrapalha os acordos. E as incertezas aumentaram, especialmente, depois da transferência do domicílio eleitoral de Fernando Bezerra Coelho de Petrolina (PE) para Recife. Ninguém tem dúvidas de que essas alianças terminarão por transformar a eleição municipal num salto no escuro para muitos. E falta, em todas essas equações, uma variável fundamental: o eleitor.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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